Os internautas do país viveram novas emoções no mês de janeiro, a partir da declaração do ministro Gilberto Kassab. Ele afirmou que estava em análise pelo ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações a adoção do limite para a banda larga fixa.
Embora as palavras do ministro estivessem recheadas de ênfase no "benefício" aos usuários, a Anatel apressou-se a desmentir o político, afirmando que mantém vigente a ação cautelar que impede que as operadoras flexibilizem o serviço. Pouco depois, a assessoria de imprensa do ministério desmentiu o político, esclarecendo "que não haverá mudanças no modelo atual de planos de banda larga fixa".
Mesmo assim, nós, os jogadores, devemos permanecer alertas, pois o governo não zerou o jogo e pode voltar para a nova fase.
As operadoras de telefonia concentram historicamente inúmeros casos de atentados contra sua sofrida clientela, incluindo jogadores online, que paga caro por um serviço ruim e sem perspectivas de melhora. Em 2014, por exemplo, o Brasil ostentava o nono lugar em um ranking das piores conexões de banda larga no mundo.
Estudo sobre o mercado brasileiro elaborado em 2010 pela consultoria inglesa Bernstein Research, demonstrou que os brasileiros pagavam a segunda tarifa por minuto mais cara em comparação com os valores cobrados em países com renda per capita similar. Na comparação com países de renda mais elevada, como Espanha, França, Itália, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, a coisa era ainda pior: os brasileiros pulavam para a liderança.
Desde a privatização das teles, em 1998, foram muitas as ocasiões em que os sucessivos governos estenderam a mão generosa do aumento de tarifas e financiamentos via BNDES, fazendo vistas grossas ao descalabro dos serviços (mal) prestados.
Em 2004, por exemplo, a Anatel decidiu aplicar um elevado reajuste de tarifas aos serviços telefônicos, alterando o índice de cálculo do IPCA, anteriormente utilizado, para o IGP-DI. Para comparação, no período entre 2002 e 2003 o IGP-DI havia batido em 30,05%, enquanto o IPCA chegou a 17,24%.
Também não é a primeira vez que multas de dívidas das operadoras são perdoadas pelo governo em troca da promessa de conversão dos valores devidos em investimentos na infraestrutura, melhoria que os usuários não enxergam na qualidade dos serviços.
Em 2012, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, já indicava a intenção de "analisar" o assunto, deixando de aplicar multas por serviços não prestados da ordem de R$ 6 bilhões. Em outubro de 2016, a Anatel aprovou um termo que permitiu à Telefonica/Vivo trocar R$ 2,199 bilhões em multas por investimentos.
No que diz respeito a nós, jogadores, falta de respeito atingiu seu ápice quando, no ano passado, o então presidente da Anatel João Rezende afirmou que os gamers ficam "jogando o tempo inteiro, e isso gasta um volume de banda muito grande", defendendo que a era da banda larga ilimitada havia chegado ao fim no Brasil, em discurso orquestrado junto com as operadoras.
A nova investida do governo e seu ministro demonstra que a agência "reguladora" está longe de jogar no time dos usuários e o assunto pode, mais uma vez, retornar da tumba, buscando uma estratégia de aparência menos nociva ao público desavisado.
Como afirmou o editor-chefe do Drops de Jogos, Pedro Zambarda, em texto no DCM, "a Anatel e as teles tentam piorar e encarecer a conexão de internet do brasileiro desde o tempo de Eduardo Cunha, fruto da privatização escandalosa e corrupta dos anos de FHC no poder".
Precisamos permanecer vigilantes para que o governo não favoreça as empresas ignorando ações já iniciadas. Maria Inês Dolci, representante do Proteste, afirmou ao site UOL, que existe "uma consulta pública em andamento e ela tem que ser finalizada, analisada e depois tem que indicar quais foram as participações. A consulta [nem] sequer foi compilada", explicou.
O "lag" nos jogos corre permanete risco de aumentar e sua conta pode ficar mais cara a qualquer momento. Enquanto jogamos, eles urdem um futuro nada promissor para os jogadores.
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