Rede Progressista de Games, a RPG. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Por Pedro Zambarda, editor-chefe.
A Pesquisa Game Brasil, a PGB 2025, foi divulgada nesta quarta (26) com uma novidade: Um levantamento sobre “jogos de sorte e seu impacto no consumo de jogos digitais”. O que diz o relatório do mais relevante levantamento do segmento? Atentem para os detalhes.
Os números são bem significativos: 38,2% dos entrevistados afirmam jogar jogos recreativos de sorte, indicando uma presença relevante desse segmento no mercado de games.
Em termos de frequência com que apostam, 39% jogam pelo menos uma vez por semana, com 14,2% jogando quatro vezes ou mais semanalmente. A grande maioria (89,9%) aplica dinheiro nestes games, sendo que 34,6% gastam entre R$51 e R$200 mensalmente; 8,6% dos que apostam gastam mais de R$500 por mês. O tempo dedicado a jogos de sorte também é considerável: 70,2% dos jogadores dedicam até 3 horas por semana, enquanto 19,5% jogam mais de 3 horas semanais.
“Claro que, pelo próprio nome dado a esses jogos e o fato de haver microtransações neles, é natural que parte do público também considere jogos de cassino como um jogo de entretenimento, e que isso também esteja refletido nos resultados da PGB 2025”, explica Guilherme Camargo.
O fator motivacional que este tipo de jogo causa no público também foi levantado. Cerca de 30,4% buscam a emoção da vitória, e 29% usam o jogo como forma de relaxamento. A maior motivação, contudo, é sempre ganhar mais dinheiro (43,9% jogam para isso), e 24,7% veem as apostas nestes jogos como “um investimento para melhorar a renda”.
De acordo com Carlos Silva, não é possível dizer que jogos de sorte são equivalentes aos jogos digitais para entretenimento. “A única razão para estes jogos existirem é para que a pessoa aplique uma quantidade de dinheiro e espere receber mais do que gastou, com um viés de entretenimento. Jogos digitais não se resumem apenas a transações de dinheiro, existe algo muito maior neles em termos de construção narrativa, personagens e outros – as microtransações são partes da experiência, e as motivações que levam alguém a apostar nestes jogos e a jogar jogos digitais são diferentes”.
Neste ano de 2025, a PGB entrevistou cerca de 6.282 pessoas no Brasil, em 26 estados e no Distrito Federal, entre os meses de janeiro e fevereiro. O estudo é desenvolvido pelo SX Group e Go Gamers em parceria com Blend New Research e ESPM.
É bom que uma pesquisa como a PGB apure os jogos de azar. No entanto, as apostas são frequentemente confundidas com videogames e com o entretenimento eletrônico. Neste aspecto, a pesquisa não ajuda e acaba atrapalhando. A tramitação da lei 14852 enfrentou infiltrações das bets na forma de fantasy games na Câmara dos Deputados e no Senado.
O presidente Lula e seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fizeram falas públicas confundindo bets com jogos de entretenimento. E essa confusão atrapalha na introdução dos videogames como tecnologia estratégica para o investimento em políticas públicas. Na imprensa, até a revista Piauí fez confusão sobre o assunto.
E as bets vieram a ser disseminadas no governo Bolsonaro, captadas por parlamentares brasileiros de extrema direita com a primeira campanha vitoriosa de Donald Trump nos Estados Unidos – envolvendo cassinos e Las Vegas.
Games devem estar na educação infantil, na juventude, nos eventos públicos e no incentivo da geração de empregos, obedecendo às classificações etárias. Apostas, não.
Por essa razão, no evento da Games For Change América Latina com o desenvolvedor americano Eric Zimmerman, em 21 de março de 2025, a Rede Progressista de Games, a RPG, lançou a campanha “aposta não é jogo”.
Dentro da RPG, quem encabeça essa campanha é a Gamegesis, uma iniciativa que congrega pesquisa, conteúdo e consultoria sobre videogames. Esse empreendimento é de Rodrigo Domingues.
Desfazer essa confusão é fundamental para aumentar os investimento nessa área. Mas não será fácil. Os Estados Unidos não possuem um Marco Legal dos Games como o brasileiro. E mercados como a Índia possuem as apostas misturadas com games.
Não é fácil não.
Rede Progressista de Games, a RPG. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
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Será que ele tá certo?