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Opinião: Pokémon GO não vai salvar a Nintendo

Quem realmente está inflado com o sucesso de Pokémon é outra empresa: Niantic Labs. Começou como startup do Google nos Estados Unidos, fez Ingress e agora criou um jogo global que mal tem servidor para atender todas as localidades com um ambiente de realidade virtual. O principal executivo da empresa, John Hanke, foi recebido como celebridade na San Diego Comic-Con, considerado o maior evento de quadrinhos e cultura pop dos Estados Unidos, durante o dia 24 de julho.

É a Niantic que merece os louros, não a gigante nipônica.

Eis que veio outra má notícia para a Nintendo nesta quarta-feira (27). O relatório financeiro para o trimestre que se encerrou em junho revelou grandes perdas para a empresa em relação ao mesmo período em 2015.

No balancete, a empresa teve perda líquida de 24.5 bilhões de ienes. No mesmo período do ano passado, eles tiveram lucro de 8.2 bilhões de ienes. Já o lucro relacionado à divisão mobile da Nintendo foi registrado em 1.6 bilhões de ienes, um aumento em comparação aos 932 milhões de ienes de 2015

As vendas de hardware no período renderam 25.1 bilhões de ienes. O Wii U, estrela e principal console da casa, diminuiu em vendagem no comparativo com 2015, chegando em 220 mil unidades contra 470 mil unidades do ano anterior. Foi uma queda de 53%.

As vendas de softwares registraram 34.8 bilhões de ienes, movidas principalmente por Star Fox Zero, Mario & Sonic at the Rio Olympics, Kirby: Planet Robobot e a versão Wii U de Shovel Knight, publicada pela Nintendo.

Nenhum dos jogos ultrapassou um milhão de unidades vendidas.

Num mercado altamente competitivo, a Nintendo permanece muito dependente do Japão, investe pouco nos meios estrangeiros e depende agora do lançamento do NX, um console que não se sabe mobile ou doméstico.

A empresa tem saúde financeira e capacidade de superar crises. Diante da vendagem fraca do GameCube, criou a revolução do Wii nos anos 2000. Antes disso, em 1983, salvou a indústria inteira dos games com o Nintendinho diante da crise aguda da Atari e dos fliperamas.

No entanto, em 2016, a empresa ainda parece perdida no bonde da história. Especuladores apostaram forte em Pokémon GO acreditando no poder da marca popularizada pela Nintendo. Mas a Big N só é dona, no papel, de 13% do game.

Ou seja: Pode ser que a realidade aumentada revolucionária dos monstros de bolso não salve a gigante japonesa da sua atual situação.

Resta saber quais serão os próximos passos.

 

Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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