Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.
Senador ligado às apostas disfarçadas de “fantasy games”, Irajá Silvestre, filho da ex-ministra Kátia Abreu, tenta impedir votação do Marco Legal dos Games no Plenário do Senado Federal nesta quarta-feira (13). O Drops de Jogos está acompanhando a tramitação do PL 2796 e está em contato com diferentes fontes.
Irajá entrou um requerimento no dia 29 de fevereiro de 2024 e com uma emenda no Congresso para evitar a votação do atual texto do PL, que retira os fantasy games, que fogem do pagamento devido de impostos. No requerimento, o senador pede que a matéria passe novamente na Comissão de Assuntos Econômicos, a CAE.
Quando os fantasy estavam no projeto, nessa mesma comissão, Irajá tentou aprovar o Marco Legal em uma sessão vazia. Como o atual projeto desagrada ele, o parlamentar volta a tentar manobrar.
Na emenda ele faz um ataque aos desenvolvedores de jogos. Diz o seguinte:
“Sob o argumento de melhorias no texto, pretende-se inserir no projeto a previsão de que os desenvolvedores de jogos tenham acesso a verbas públicas destinadas a projetos sociais, que realmente foram impactados por adversidades, como a pandemia que afetou o setor cultural físico, mas que, por outro lado, incentivou a utilização de tecnologia, ampliando esse mercado”.
Irajá, diz, resumidamente, que videogames não “são cultura” e que não deveriam receber incentivos da Lei Paulo Gustavo ou da Lei Rouanet. Demonstrando suposta preocupação com empresas afetadas pela pandemia, ele fez viagem internacional com negacionistas bolsonaristas.
Em janeiro de 2020, o site Antagonista conta a seguinte história: Os senadores Flávio Bolsonaro e Irajá foram aos Estados Unidos. Passaram oito dias em Miami e em Las Vegas, com diárias pagas pelo Senado Federal. Quem autorizou a viagem dos dois em “missão oficial” foi o então presidente da Casa, Davi Alcolumbre.
Ao todo, Flávio e Irajá receberam R$ 26.928,72 para custear as hospedagens. Quase 27 mil reais em dinheiro público. Eles integraram uma comitiva da Embratur para “capitanear grandes corporações de cruzeiros dos EUA para operar no Brasil”.
Na época, a Embratur era comandada por Gilson Machado, o ministro “sanfoneiro” de Bolsonaro. Também esteve na comitiva o deputado federal Hélio Lopes, o Hélio Negão.
A agenda do grupo incluiu uma reunião com o presidente do Las Vegas Sand Coorporation, Sheldon Adelson, o bilionário que contribuiu com 25 milhões de dólares para a campanha de Donald Trump, o maior doador da campanha. Adelson, magnata de cassinos, foi também quem teria convencido Trump a mudar a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém.
É dai, de uma relação de pelo menos quatro anos, que vem a afinidade de Irajá com o setor de apostas e jogos de azar.
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