Kalymba: RPG, criaturas, explorações e... Orixás! Por Jaime Daniel - Drops de Jogos

Kalymba: RPG, criaturas, explorações e… Orixás! Por Jaime Daniel

Jogo nacional com cultura brasileira

Kalymba: RPG, criaturas, explorações e... Orixás! Foto: Divulgação

Um cenário de RPG com aventureiros de raças diversas enfrentando um mundo mágico, cheio de criaturas misteriosas e ameaças desconhecidas. Os heróis têm que combinar suas diversas perícias marciais, as habilidades adquiridas em anos de explorações e seus conhecimentos de magia, esperando que, com isso, possam obter as bênçãos dos orixás e sobreviver às ameaças…

Sim, eu disse orixás! Agora eu ganhei sua atenção, né??

Bem-vindes ao Aiyê, um mundo devastado onde as sociedades que não foram exterminadas por catástrofes anteriores tentam sobreviver à ameaça da Terceira Hecatombe. Uma terra onde os poderosos orixás observam preocupados a humanidade e outras raças lutando pelo direito de existir. Esse é o mundo de Kalymba!

Kalymba, que nos chega pelas mãos do autor Daniel Pirraça e equipe, oferece um cenário de fantasia novo para um público acostumado com dragões, elfos e orcs. O mundo do Aiyê traz um cenário inspirado na cultura e mitologia africanas, oferecendo um cenário cheio de possibilidades para jogadores de RPG em busca de novidade em suas mesas. Além da fauna reconhecível, como leões e hipopótamos, os heróis se defrontarão com criaturas como aranhas-diabos ou elokos. Diga até breve para seu anão ou halfling e diga olá para os Boudas, agressivos homens-hienas, ou para os insectoides Abatwas. E prepare-se, porque neste jogo é importante ter Ginga… mas eu já chego lá!

Cenário

No mundo do Aiyê, os orixás têm os poderes supremos de deuses. Mas, diferente de outros cenários, aqui o número de deuses é imenso. Para ser exato, é o maior número que alguém possa imaginar… mais um! Então é um pouco complicado saber exatamente quantos são, mas alguns se destacam mais que outros e tornam-se mais conhecidos e presentes. As raças inteligentes sabem que eles existem e, inclusive, há interação direta com as divindades, sendo um hábito muito comum fazer oferendas e dar presentes em troca de bênçãos. Além do Aiyê, há também o Orum, o mundo espiritual onde vivem os orixás e outras entidades poderosas. Para o Orum vão também as almas dos mortos, para que sejam julgadas por Olodum, o orixá criador que julgará suas ações em vida e decidirá seu destino. Os orixás têm passagem livre para o Aiyê, mas têm evitado esse contato e também a interferência excessiva no plano terreno por causa da ameaça da Terceira Hecatombe.

Sim, você leu Terceira Hecatombe. Em Kalymba, já aconteceram duas hecatombes, a primeira por culpa de Obaltá e Oduã, os filhos de Olodum: a disputa feroz entre eles acabaram causando a Fratura, uma ruptura na proteção mágica que defendia os dois mundos do Caos Exterior. Inicialmente, essa Fratura não causou problemas, mas, com as constantes lutas entre os orixás no decorrer dos milênios, tornou-se uma fenda tão grande que permitiu a passagem de criaturas terríveis de outras realidades, e elas escravizaram os sobreviventes do massacre que se sucedeu à invasão. Durante muitos anos, esses demônios escravizaram e torturaram todos os seres vivos que caíram em suas garras até que, por fim, a união dos orixás com os heróis dos reinos expulsou os invasores. Mas o custo foi alto, com o desaparecimento de diversas civilizações. Tempos depois, aconteceu uma segunda hecatombe causada pelo orixá dos oceanos e das profundezas, Konulo: uma terrível inundação que atingiu toda a criação. Novamente, muitas nações e povos desapareceram, mas a vida ressurgiu no Aiyê.

Só que duas hecatombes não foram o bastante. Moylá, a orixá da vidência, previu o fim de toda a criação, causada por… Ah, essa surpresa vou deixar para você descobrir lendo Kalymba! Leia e depois venha me contar, pois essa profecia tornou o mundo ainda mais interessante para mim.

Em um cenário cheio de civilizações perdidas, monstros que ainda habitam e rondam as sombras e deuses que caminham entre os heróis, qualquer coisa pode acontecer!

Sistema

O sistema de regras do RPG Kalymba também é nacional. O sistema +2d6 de Newton Rocha é um sistema simples que permite resoluções rápidas e fáceis de entender. Toda vez que tiver de fazer um teste, o jogador lançará 2d6 (dois dados de seis faces) e somará ao total o valor de um atributo relacionado ao teste e o valor da perícia utilizada. O narrador estipula o número-alvo que o jogador deve tentar alcançar com esse resultado.

Os atributos quantificam as características dos personagens. São eles: Força, Agilidade, Vigor, Intelecto, Percepção, Ginga (lembra que eu falei disso?) e Axé.

As maiores novidades aqui são Ginga e Axé. Ginga une malícia, atratividade, lábia e personalidade, características importantes para lidar com outras pessoas. Ginga também vai determinar o sucesso ou não na capacidade de armazenar energia mágica para as mandingas (magias). Já o Axé está ligado mais à espiritualidade do personagem, medindo sua sintonia com o mundo místico, sua capacidade de lançar mandingas e também sua resistência mental.

O livro apresenta ainda diversas armas distintivas e uma lista de magias, algumas bem diferentes dos jogos de fantasia tradicional. Outro aspecto interessante são os Vínculos, as ligações espirituais entre os orixás e os heróis. Ao ser criado, o herói escolhe um orixá e se compromete a fazer dois votos a seu padroeiro, que, em contrapartida, oferecerá bênçãos ao devoto. Conforme o personagem evolui, as características do padroeiro vão se incorporando ao devoto.

Impressões

Kalymba já começou com as bênçãos dos Orixás! Ele esteve recentemente em campanha de financiamento coletivo pela plataforma Catarse. O projeto inicial pedia 7 mil reais, total alcançado em menos de trinta minutos de campanha e, ao final, no dia 24 de setembro, o projeto arrecadou o total de R$110.685,00, ou seja, 1581 por cento da meta. Para quem está interessado em saber um pouco mais, no site Dungeonist é possível conseguir o fast play de Kalymba, que apresenta as regras básicas do sistema, um texto introdutório ao cenário, regras para a criação de personagens de quatro raças de fantasia diferentes e um roteiro de aventura.

O jogo promete ser muito interessante para quem gosta de um cenário diferente da já tradicional fantasia heroica, muito bem representada em outros títulos. A temática inspirada no continente africano e toda a mística dos orixás também vão agradar quem se interessa por mitologia e cultura, servindo de inspiração, inclusive, para quem gostaria de experimentar o cenário com outros sistemas, pois um narrador com uma certa experiência não achará nada difícil fazer isso.

Por outro lado, o sistema +2d6 é fácil de aprender e proporciona resoluções de cena rápidas, sendo bem amigável para quem ainda não conhece bem a dinâmica dos role-playing games. Portanto, é uma boa opção para atrair iniciantes. E, para quem gosta de meta-enredos, são inúmeras as possibilidades que a Terceira Hecatombe pode trazer para o seu mundo (ou para os heróis envolvidos nela)! E, por último, confesso que a capa do livro me conquistou. Estou pensando aqui em quem vou aborrecer para consegui-la impressa em cartaz…

Fala aí! Tá deprê por não ter participado do FC, né? Ok, surpresa de primeira mão para você, leitor do Drops de Jogos! No Catarse, a partir de 4 de janeiro de 2021, começa o Late Pledge! Você vai poder garantir o seu exemplar com alguns extras muito bacanas. E aí, pronto pra conhecer o Aiyê? Vem comigo que eu tenho uma aventura aqui pra narrar…

Parabéns, Daniel Pirraça e equipe. Parabéns, RPGCraftando! Longa vida a Kalymba… e que chegue logo, pois estou ansioso para conhecer aqueles homens-pássaros!

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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