Na época da criação desse texto, em 2009, o Brasil já se via cotidianamente bombardeado por porgramas pretensamente jornalísticos que alardeavam os malefícios dos videogames para os jovens, tratando-os como corruptores de menores. Esse problema, é claro, permanece até os tempos atuais, ainda que com menor frequência. Embora o teor do texto possa soar datado, hoje, consideramos oportuno resgatar a informação, que pode ser útil como argumento em favor dessa expressão cultural contemporânea. Aprecie sem moderação.
Game A Mídia Controversa
Você já cansou de ouvir falar sobre o binômio games/violência, com o placar sempre desfavorável sobre o primeiro item.
Muitos autores de peso e renome junto à sociedade vieram com suas teorias sobre o malefício dos jogos eletrônicos na vida das crianças e jovens, em uma longa lista que ia de sedentarismo misantropo a assassinatos no shopping.
Bem, folgo em dizer que nem tudo é apedrejamento nesta polêmica acadêmica. Esta informação não é nova, mas vale ser resgatada: Os Doutores Lawrence Kutner e Cheryl K. Olson, co-fundadores e diretores do The Harvard Medical School Center for Mental Health and Media (Centro de Pesquisas Médicas para Saúde Mental e Meios, de Harvard) lançaram, em meados do ano passado “Grand Theft Childhood: The Surprising Truth About Violent Video Games and What Parents Can Do” (“O Grande Roubo da Infância: A Verdade Surpreendente sobre Videogames Violentos e o que os Pais Podem Fazer”, aqui em uma tradução livre, mas praticamente literal).
O livro é resultado de uma extensa pesquisa conduzida de 2004 a 2006 com mais de 1.200 jovens e aproximadamente 500 pais, através de entrevistas e conversas com os participantes.
Ao longo do processo de pesquisa, algumas surpresas se revelaram aos doutores. Em entrevista concedida em 17 de março de 2008 ao site Open Education, a Dra. Olson observa algumas destas curiosidades: “Uma descoberta encorajadora foi o quão sofisticada é a compreensão dos garotos em idade escolar em relação aos jogos violentos. Eles se agradavam de jogar com os ‘Caras Maus’, sem querer ser um deles… Fomos especialmente surpreendidos pelo quão protetores estes garotos eram com as crianças mais novas; de fato, sua compreensão em relação à influência dos vídeo games era quase idêntica àquela expressada por seus pais”.
Uma crítica, disponibilizada no site Psychiatric Times, comenta outros aspectos positivos do livro, mas faz certas ressalvas à pesquisa apresentada, afirmando que, em alguns casos, “a compreensão clínica [dos doutores] parece menos perspicaz”, embora as observações apresentadas no site pareçam maduras e pertinentes.
E uma reportagem da PC Wolrd apresentava alguns mitos e verdades relacionados aos videogames, a partir das reflexões do estudo editado. Vale conferir. Neste link da Amazon você confere alguns trechos do livro e, se ficar empolgado com a leitura, pode encomendá-lo diretamente do site.
Na reportagem da Folha de S. Paulo, ainda disponível online, editada na época de lançamento do livro, em maio de 2008, o Dr. Kutner comenta a necessidade de socialização da juventude e como estes games podem ajudar no processo. Diz um trecho do artigo: “Se você tem, por exemplo, uma garota que joga, durante 15 horas por semana, apenas jogos violentos, eu ficaria muito preocupado porque isso é muito pouco comum”, diz Kutner. “Mas, para os meninos [o sinal de perigo] é não usar nenhum jogo –parece que, para essa geração, videogames são uma medida da competência dos garotos em se relacionarem socialmente”.
Por último, mas não menos importante, há uma entrevista com os autores, apresentada no conceituado site G4 TV, que permanece online e no qual é possível conferir as impressões dos pesquisadores e suas respostas sobre a questão. O vídeo está no idioma inglês e conta com legendas em closed captions, também em inglês, que podem facilitar o entendimento por meio da leitura. Segue, abaixo:
Atualização: ao longo dos anos, a obra produzida pelos pesquisadores foi objeto de questionamento de avaliadores, que afirmam ter encontrado eventuais inconsistências metodológicas que norteiam as conclusões da dupla. Ainda assim, o estudo traz um respeitável conjunto de informações que nos permite considerar que, mesmo se a pesquisa apresentar algum exagero, segue em um caminho que parece atestar que os games não podem ser classificados como deturpadores de mentes juvenis, como querem fazer crer os programas sensacionalistas que associam os jogos digitais a cada nova tragédia envolvendo a juventude. O site Blogame encerrou suas atividades há pouco mais de dez anos.
Imagem: American Library Association Journals
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