Já comentei anteriormente (http://retrogamesbrasil.blogspot.com/2007/12/um-novo-ngulo-para-os-games.html) que, nos anos 80, os games eram praticamente todos de gênero ‘fogo-neles’ e, em geral, o inimigo eram os malvados aliens.
Isso acontecia porque era mais fácil simular a vastidão do universo por meio da imensidão negra do tubo de raios catódicos, pulverizando a tela com formas esquizoides de naves espaciais e seres do outro mundo.
Galaxian, arcade lançado em 1979, praticamente não fugia à esta regra.
Descendente direto do sucesso conquistado pouco antes por Space Invaders (http://www.classicgaming.cc/classics/spaceinvaders/), produzido pela Atari, em 1978, Galaxian surgiu pela Namco, que lançava seu primeiro arcade de jogo. O grande atrativo e diferencial do jogo eram, sem dúvida, os sprites coloridos e animados da tela, que se diferenciavam do antecessor não somente pelas cores vibrantes, produzidas por um processador Z80 em RGB (diferentemente dos sistemas de overlay, que coloriam parcialmente a tela, como em Space Invaders e Berzerk, entre outros), mas também pela movimentação mais dinâmica e agressiva das naves inimigas que, a ciclos regulares, mergulhavam de forma kamikaze contra a sua nave.
O jogo também oferecia fontes diferenciadas para as informações de pontuação, música de abertura (ainda que não fosse exatamente um Stravinsky), efeitos sonoros mais ricos e um efeito visual de campo estelar que se descortinava ao fundo durante a partida, criando sensação de profundidade e integração entre os elementos de design do jogo.
Tamanho sucesso fez surgir rapidamente uma enxurrada de clones disputando o mercado, como Phoenix (https://www.free80sarcade.com/phoenix.php), da Amstar Electronics, Stratovox (http://coin.klov.com/game_detail.php?game_id=9799), da Taito e o sucessor direto da própria Namco, Galaga, de 1983 (http://www.smiliegames.com/galaga/), que contava com gráficos ainda mais caprichados e a criação de um raio trator, com o qual os alienígenas tentavam capturar sua nave.
“Foi uma entrada relativamente prematura na era de ouro dos vídeo games e [o jogo] capitalizou o entusiasmo criado pelo clássico game anterior, “Space Invaders”, disse Chris Lindsay, diretor do Museu National de Video Game and Coin-Op [máquinas operadas por moedas] de St. Louis, em um comentário encontrado no site Find Internet Tv (http://www.findinternettv.com/Video,item,240415097.aspx – hoje, já fora da rede).
Outro comentário interessante presente no site dá a dimensão do sucesso alcançado pelo produto:
“As pessoas nos fliperamas despejavam suas moedas nas cabines do game para continuar jogando e todos aqueles que estavam esperando ficavam furiosos porque sua vez nunca chegava.”
Outro aspecto curioso do jogo era a nave-mãe inimiga, que teve vida muito mais longa que o próprio game, aparecendo em inúmeros outros jogos como um elemento importante.
O divertido vídeo do Coin-Op Tv (eu já postei sobre este site genial aqui! – https://retrogamesbrasil.blogspot.com/2007/12/tv-velharia.html) mostra a conspiração impetrada contra o universo pela nave-mãe, invadindo os muitos games posteriores da Namco (http://arcade-tv.de/index.php?option=com_content&task=view&id=21&Itemid=6 – o link também não está mais disponível).
O arcade Gorf (https://flyers.arcade-museum.com/?page=thumbs&db=videodb&id=2764), da Bally Midway, fazia uma certa homenagem ao game (ou um plágio descarado, vai saber…) com uma fase semelhante a Galaxian e, curiosamente, uma versão do jogo pode ser destravada no arcade Mortal Kombat!
Não fosse isso histórico o bastante para o game, ele ainda foi responsável, em última análise, pela existência do ícone Super Mario.
A Nintendo, que dava os primeiros passos no mercado de games, lançou no Japão o arcade RadarScope (https://www.arcade-museum.com/game_detail.php?game_id=9238), claramente “inspirado” nos sucessos de Space Invaders e Galaxian. Mas o mercado já estava saturado desses jogos e a Nintendo começou a perder dinheiro, com aproximadamente 2.000 máquinas paradas em território norte-americano. Antes que o pior acontecesse, a empresa enviou um novato para tentar consertar a encrenca. Seu nome: Shigeru Miyamoto. O resulta da história você já conhece, mister Miyamoto aproveitou o hardware de RadarScope e criou um joguinho com um nanico, um gorila e uma donzela em perigo, mudando para sempre a história do game design.
Se você quiser matar a saudade, baixe uma versão em Flash de Galaxian clicando aqui (o link já não está mais disponível – http://www.programsdb.com/program/494/59443/Galaxian.html – Mas há novo acesso: https://arcadespot.com/game/galaxian/).
Atualização: É curioso notar como a internet não é um acervo eterno de conteúdos criados na rede. Muitos dos links se perderam e as informações originais já não estão acessíveis em lugar algum.
Galaxian continua uma referência aos arcades de shoot’em up (ou jogos de ‘navinha’, como foram carinhosamente batizados no Brasil), mas não parece receber o devido reconhecimento.
O texto original do blog RetroGamesBrasil continua na rede e pode ser acessado por meio desse link.
Imagem: arte parcial de folheto do arcade Galaxian – The Arcade Flyer Archive
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Cuba produziu um grande jogo e pode trazer muitos outros