“Cada larp é um portal que faz a vida acontecer na maravilha das suas possibilidades”, afirma.
O RPG tradicional todo mundo conhece, especialmente pela migração do jogo de mesa para os videogames, ao longo das últimas décadas. Mas há uma modalidade ainda pouco conhecida, que chama atenção pela similaridade com o improviso teatral e por oferecer abordagens frequentemente mais socioeducativas e psicologicamente instigantes: o LARP ou, Live Action Role Playing.
Como o próprio nome indica, trata-se de uma experiência de interpretação de papéis à qual os participantes se submetem livremente e que acontece ao vivo, em tempo real, sem roteiro prévio, apenas uma temática sugerida.
Para Luiz Prado, pesquisador do tema há vários anos, o LARP é mais do que apenas uma interação lúdica ou experiência imersiva, é um fenômeno social através do qual o público é o próprio artista.
“Larp é um jogo. Algumas pessoas se reúnem e vivem personagens numa história. Não há um roteiro com falas determinadas e o final dessa história não está dado logo de cara: ele acontece a partir das ações das pessoas durante o larp”, explicou o profissional em um texto online.
Prado enfatiza que o larp compartilha com as outras artes, como Cinema, Teatro e Literatura, “a capacidade de criar emoções estéticas, de fazer pensar, de colocar a nós mesmos e a sociedade em questão”.
“Os artistas são as pessoas que participam do larp. A arte acontece exatamente no momento em que o larp se realiza. Um dos grandes baratos do larp é que ele não distingue artista/público. O público é o artista. É uma arte participativa, colaborativa”, declara o estudioso.
O profissional, que atua como criador e produtor na Confraria das Ideias desde 2012 e integra o NpLarp, Núcleo de Estudos em Larp e o coletivo de Larps Boi Voador desde 2013, afirma que o Larp é uma revolução. “O que criamos durante um larp é uma revolução na realidade. Tempo, espaço e identidade são transformados de maneira consciente e ativa, seja você um sobrevivente no futuro distópico, um cavaleiro medieval ou um sujeito em crise conjugal”.
“Cada larp é um portal que faz a vida acontecer na maravilha das suas possibilidades, que afasta a mediocridade do emprego de todo dia, do trânsito de todo dia, da série de todo dia, da comida de todo dia. O larp não é um contraponto à realidade. Ele se afirma como realidade”.
Luiz Prado é também um dos fundadores do FERVO, Frente de Experimentação em Representação, Vivência e Ocupação, e mantém uma consistente produção de textos sobre o tema em seu blog pessoal.
Kao Tokio é agente cultural, editor de conteúdo do Drops de Jogos e editor-chefe do PopGeeks (e também curte LARPs!).
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