Profissional afirma que games brasileiros têm muito a ganhar com os temas nacionais.
O decano dos indie games nacionais, Renato Degiovani, afirmou que os desenvolvedores brasileiros devem perder o ranço que ainda vigora em relação a temas culturais do país e que “até o Sertanejo Universitário pode ser um bom tema para um game nacional”.
Renato, que vem desenvolvendo jogos ligados a temáticas nacionais desde seu ingresso nesse mercado, com a criação de Amazônia, em 1981, é um crítico permanente do que classifica como equívoco de boa parte dos desenvolvedores do país, que acreditam que os jogadores brasileiros demonstram certa aversão aos jogos baseados em nossa cultura e realidade.
“É o mito de que o brasileiro não gosta de temas brasileiros”, comentou, em bate papo recente com o Drops de Jogos. “A gente gosta, mas tem que ser uns produtos bons, né? Não estou dizendo que o Sertanejo Universitário seja necessariamente bom, mas cai no gosto popular… Do ponto de vista de produção e de produto, fecha o ciclo”, emendou.
“Eu chamo a atenção para o fato desse pessoal [do meio sertanejo] ter um mercado grande, ganhar muito dinheiro com isso, com temas simples como ‘Dor de Corno’, ‘Pegar Meninas’ etc, mas [demonstram ter] uma atitude comercial bem estabelecida, como um mercado que existe há bastante tempo, com grande público”, destacou.
Para Renato, “a gente perde estas oportunidades porque o nosso mercado ainda não é maduro o suficiente para entender que não é só o jogo, tem todo um aparato em volta, o show, o marketing dos eventos e tudo mais”. Em vista desse universo tão consistente, os desenvolvedores deveriam prestar mais atenção ao Sertanejo Universitário, bem como a outros temas caros ao país e à população brasileira, acredita.
Degiovani finalizou a conversa explicando que, independente da qualidade do sertanejo atual como produto cultural, o importante é entender o que agrada a este público e trabalhar para desenvolver bons produtos de forma a manter as empresas de games nacionais ativas e lucrativas.
“Depois, a gente pode até discutir se é uma porcaria”, comentou, aos risos. “Desde que seja uma grana boa, tudo bem, né?”.
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