Resenhas

ASSISTI AINDA ESTOU AQUI DEPOIS DE TODO MUNDO – E NÃO ME ARREPENDI

CONTÉM SPOILERS.

Por Pedro Zambarda, editor-chefe.

Fica até difícil de contrapor. Anora é um Cinderela mal arrumado. Ainda Estou Aqui é o filme do século 21 no Brasil, merecedor do Oscar de Filme Estrangeiro e injustiçado na categoria de Melhor Atriz. Cada segundo do longa é de Fernanda Torres como Eunice Paiva. Quem diz algo diferente disso, não entende nada de cinema.

A crítica do influenciador Chavoso da USP, sobre a ausência de filmes sobre o genocídio negro na ditadura militar, que continua em nosso período democrático, é extremamente válida. Mas dentro do recorte de classe média branca, privilegiada e do Leblon, Ainda Estou Aqui, filme e livro de Marcelo Rubens Paiva, cumprem o papel de efetivamente contar a nossa história.

Fernandinha optou por uma atuação contida, que esconde seus momentos de choro dos filhos, ainda pequenos, e conta poucas coisas para a filha que foi torturada pelos militares com ela e para Vera Paiva, que viajou para Londres e voltou no período ditatorial. Selton Mello como o ex-deputado Rubens Paiva, sequestrado pela ditadura, é expansivo, bom pai e militante de esquerda trabalhista que ajuda os exilados na transmissão de suas cartas.

Essas histórias são contadas na reportagem “as cartas que a ditadura escondeu“, da revista Piaui. Essas correspondências levam a polícia política do regime a prender, matar e esconder o corpo de Rubens Paiva. Segundo a jornalista Juliana Dal Piva, que eu entrevistei e que está lançando um livro sobre o assunto do filme Ainda Estou Aqui, Médici, Orlando Geisel [o irmão do ditador Ernesto] e a alta cúpula do Exército sabia que Paiva estava morto.

E não se dignaram a dar seu paradeiro ou status para Eunice.

O filme se desenvolve em cores, cortes, escuridão e músicas setentistas que tornam a sua digestão uma delícia e um soco no estômago ao mesmo tempo.

É o encontro do Brasil com o Brasil, do Brasil com sua história. E temos que ter ódio e nojo da ditadura.

Porque a ditadura civil-militar brasileira é fundante das iniquidades e da fascistização do Estado que temos presente até hoje. Se você não viu Ainda Estou Aqui no cinema, não perca na Globoplay.

ASSISTI AINDA ESTOU AQUI DEPOIS DE TODO MUNDO – E NÃO ME ARREPENDI. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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