Por Pedro Zambarda, editor-chefe.
“Os Beatles vão matar os barbeiros de fome. Injustos com os carecas”, mostram cartazes dos primeiros minutos do documentário Beatles ’64, recém-lançado pela Disney+. Não assistam esse doc pensando em Get Back, de Peter Jackson, que é um deslumbre musical, com muitos extras. Mas também não vá assistir pensando que é apenas sobre a banda no começo.
O filme dirigido por David Tedeschi inclui imagens raras restauradas em 4K e entrevistas atuais com Ringo Star e Paul McCartney brilha por não esconder suas dimensões políticas. A produção de Martin Scorsese traz peso e traz a pessoa do diretor de Goodfellas falando com Ringo, mas o que realmente se destaca é a sua construção.
Meses antes da chegada dos Beatles em Nova York, os Estados Unidos viveram o trauma do assassinato do presidente John F. Kennedy, que John Lennon já manifestava um temor pelo aumento da violência nos Estados Unidos. Décadas depois, seria o próprio Lennon vítima desse mesmo contexto – sobretudo após sua militância política anti-Guerra do Vietnã.
A produção do documentário então tratou de entrevistar as mulheres que eram enlouquecidas por Paul, George e John para tentar explicar a beatlemania. E ver as imagens de ontem e de hoje ajudam a explicar os fenômenos pop mais recentes. Não é racional, ao mesmo tempo que essa irracionalidade sentimental cria uma indústria de entretenimento.
Críticos e críticas aos Beatles também são ressaltadas na produção, de Marshall McLuhan até todos os artistas negros que receberam um cover do fab four britânico branco. O diretor experimental David Lynch dá o seu depoimento, ao mesmo tempo que os próprios Beatles abordam a genialidade do produtor Brian Epstein em seus primeiros anos.
Mas não se foge da questão de que o sucesso de quatro caras britânicos brancos, cujo pai de um deles (Paul) debochava do sotaque americano, ofuscou muitos artistas negros. O recorte do racismo é muito bem explicitado, ao mesmo tempo que se mostra que os Beatles admiravam profundamente a cultura preta.
E isso permitiu que eles conquistassem não os Estados Unidos, mas o mundo.
Isso é muito exemplificado pelo cantor negro Smokey Robinson, que cantava com carinho os sucessos dos Beatles com os The Miracles no mesmo Ed Sullivan que eles foram fazer show na América.
O documentário não se perde em lugares comuns sobre quem é John, Paul, George ou Ringo. Talvez só conte que Ringo era um baterista muito menos mecânico do que parecia. Ele gostava de imprimir um ritmo de acordo com a onda dos seus três parceiros – e talvez tenha perdido parte de sua empolgação no final da banda. O estilo do doc é trazer um fato, os 14 dias de viagem dos Beatles pela América, permeado por entrevistas e depoimentos antes e depois.
O irônico é que, em dezembro de 2023, Paul McCartney falou ao jornalista Pedro Bial, da Globo, que os Beatles não vieram ao Brasil na década de 1960 por decisões empresariais. Bom. Estourar nos Estados Unidos enquanto estava rolando uma ditadura militar de 21 anos patrocinada pelos americanos certamente não estava nos planos de negócios deles.
Depois eles vieram a beça ao Brasil.
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