Best Served Cold: Mistério, Bebida e… Cadê a Tradução? Por Sullivan Martinelli - Drops de Jogos

Best Served Cold: Mistério, Bebida e… Cadê a Tradução? Por Sullivan Martinelli

Resenha/Review

Por Sullivan Martinelli, Sullz Player, comunicador independente e YouTuber.

Best Served Cold é aquele jogo com uma pegada visual novel charmosa que mistura investigação, mistério e um clima noir bacana, ambientado numa Europa dos anos 1920 cheia de bares clandestinos e jazz na vitrola. Até aí, tudo ótimo — mas tem um problema grave que pode fazer muita gente perder o interesse: não tem tradução em português.

O jogo é basicamente conversa o tempo inteiro — cheio de diálogos, nuances, pistas e escolhas que vão moldando o rumo da investigação. Enquanto você serve drinks para os clientes e tenta melhorar o humor da galera com a bebida certa, vai puxando papo e desvendando o mistério da identidade do assassino na região.

Há um minigame de preparar coquetéis, que ajuda a criar o clima do bar, mas o foco mesmo é entender os personagens, juntar as peças e tentar descobrir quem é o tal “Bukovie Killer”. Só que aqui vai o porém: se inglês não é seu forte, o acesso complica bastante. Não dá pra só “curtir a vibe” — é muito texto, cheio de detalhes, e os personagens só fazem sentido se você entender tudo que está sendo dito.

Um jogo pra quem gosta de Fofoca?

Você controla um bartender em Bukovie, uma cidade fictícia numa versão alternativa da Europa dos anos 1920, em que está em vigor uma Lei Seca extremamente rigorosa — mas os bares clandestinos ainda persistem. O seu bar, o “The Nightcap”, fica escondido embaixo de uma livraria e vira o ponto de encontro de um elenco de suspeitos que parece ter saído direto de uma versão jazzística de Detetive.

Logo no início, uma moça é encontrada morta do lado de fora de outro bar clandestino, e a polícia decide que você, um bartender de passado duvidoso, é a pessoa ideal pra ajudar nas investigações. A partir daí, começa sua missão: servir drinks, puxar conversa e descobrir quem é o tal do Bukovie Killer.

A direção de arte manda bem na ambientação, com uma pegada noir, estética art déco e trilha de jazz suave que deixa tudo mais envolvente. A mecânica de servir coquetel e puxar papo é simples, mas funciona bem pra quebrar o ritmo dos diálogos e dar aquele clima de tensão leve entre uma pista e outra. E os personagens? Cheios de personalidade, com um drama interessante de acompanhar, daquele tipo que te prende proporcionalmente ao seu interesse como fofoqueiro de plantão.

É Muito Simples, Mas Cumpre O Que Promete

Os personagens de Best Served Cold até começam com o pé direito. Cada um chega cheio de pose, conflito interno e segredos: tem a atriz narcisista, o ricaço existencialmente entediado, o trabalhador amargurado… todo mundo pronto pra desabafar depois de uns goles de Pirate’s Joy ou Cold Winter — drinks presentes no jogo.

Mas o encanto logo vai embora quando você percebe que muita gente só repete as mesmas falas todo dia. E aí, quando você vai ficando ansioso por um plot twist, o jogo parece estar só te empurrando pro próximo evento scriptado.

A parte de servir drinks parece promissora, mas é só um minigame de traçar forma com o mouse — simples demais, quase automático e parece ter saido de um jogo feito no Adobe Flash Player. A ideia de influenciar o humor dos clientes com a bebida certa é legal, mas perde impacto quando quase todo mundo te dá de bandeja o que quer, e a melhor escolha é sempre dar o favorito. É tipo um RPG onde ser bonzinho é sempre a melhor estratégia.

E o quadro de pistas no fim do dia, que tinha tudo pra ser o momento Sherlock Holmes, acaba sendo um pouco confuso. É basicamente um monte de post-it com informações redundantes que você liga com fio vermelho.

🥃 Então, Vale a Pena?

Se você domina o inglês e curte jogos que são mais “conversa e investigação” do que ação, Best Served Cold pode ser uma boa, especialmente pelo clima e personagens. Mas se você tá no Brasil e prefere jogar em português, ou se inglês não é seu ponto forte, a falta de tradução torna o acesso quase impossível — e isso é uma falha enorme para um jogo que aposta tudo no enredo e nos diálogos.

É uma pena, porque o jogo tem potencial e uma estética muito legal, mas sem legendas para o português, acaba virando um copo meio vazio para muita gente aqui.

Nota Sullz Player: 3/5
(Boa ideia, jogo estiloso, mas o idioma barra muito a entrada pra galera daqui.)

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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