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Cibele, uma resenha. Por Mayara Fortin, colaboradora do Drops de Jogos

O jogo conta a história de dois jovens, que moram em extremos opostos dos Estados Unidos, e se aproximam por conta de um jogo online. A narrativa é focada na experiência da menina, Nina, e em como ela vive essa paixão.

A história de alguém

O carro chefe do Cibele é, definitivamente, o diálogo. As conversas são realistas – a interpretação dos atores e suas vozes são convincentes. Quem já jogou online e se aproximou de pessoas por esse meio (Afinal, quem nunca?) pode chegar a sentir uma leve nostalgia em como os diálogos se desenvolvem e talvez lembrar da adolescência. 

Apesar desses pontos, não consegui achar o jogo interessante e continuo sentindo que ele ficou incompleto. Nada disso tem a ver com simplicidade – já que me considero a maior fã de títulos minimalistas e simples. Acredito que a minha interação com o jogo foi tão limitada e confusa que isso me distanciou da narrativa – que justamente seria o ponto forte e o foco do game.

Um jogo dentro de um jogo

Uma das telas principais de Cibele é a área de trabalho do computador de Nina. Nessa tela eu posso ler algumas mensagens trocadas com amigos e amigas, abrir minhas pastas com arquivos e fotos e abrir um “MMORPG”, onde justamente eu vou interagir e conversar com meu amigo e futuro crush. (Reparem que estou falando em primeira pessoa, porque estou sentada em frente a um computador, olhando “minha” área de trabalho. Guardem essa informação.)

Quando eu abro o MMO – e consequentemente começo a interagir com Ichi – me sinto totalmente dispensável enquanto jogadora e bem entediada pelo fato de que a mecânica de clicar para andar até os monstros é realmente sem graça e toda a luta acontece praticamente sozinha. Está na cara que o MMO só existe para dar dar contexto à história da menina.

Até aí, você provavelmente está pensando: Mas, essa é a proposta do jogo. O foco dele é a narrativa, lembra?

Pois é. A questão é que nesse momento eu me torno, quase que exclusivamente, uma expectadora. Ao invés de primeira pessoa, que tem controle, me torno uma terceira pessoa, que em nada influencia no caminhar do jogo e que fica simplesmente parada na frente da tela ouvindo duas pessoas conversarem, enquanto uma delas – Nina – supostamente sou eu. Os papéis ficaram confusos, eu me desconectei da história e já não entendia mais porquê eu estava ali, em frente ao computador.

Nesse sentido, Her Story alcançou um resultado muito melhor porque a participação do player é mais consistente: Eu sou a pessoa procurando respostas – um player ativo – enquanto assisto uma terceira pessoa contar sobre ela mesma em vídeos. É um conceito difícil de explicar, mas que talvez possa superficialmente ser resumido a: Tudo fica menos confuso quando eu assumo um papel único durante o jogo.

E a arte?

Bom, tudo isso são suposições, porém eu imagino que o excesso de rosa se dê ao fato da criadora do jogo ter buscado uma identidade fiel do seu computador na adolescência, ou que simplesmente ela tenha tentado criar uma personalidade da personagem – que também tem cabelo rosa.
Em todo caso, a overdose de rosa cansou minha vista. Ponto.

Opinião final

A mudança de perspectiva me incomodou e não acho que a história tenha sido boa o suficiente para me empolgar a ficar no jogo até o final. Também acho o preço na Steam um pouco salgado demais pelo pouco que Cibele oferece: Uma experiência bastante sem sal nem açúcar. 

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Mayara Fortin é arquiteta por formação, viajou e viveu pelo mundo, do Leste Europeu aos Estados Unidos. Atualmente trabalha como Relações Públicas do Void Studios, de São Paulo, e é uma fã vidrada em games independentes. Sua paixão pelos indies é tanta que um dia ela pretende conseguir fazer reviews de tudo o que já jogou. Foi a correspondente do Drops de Jogos em Los Angeles, durante a E3 2016.

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