Samurai em Elden Ring. Foto: Divulgação
Um dos mantras mais comuns de todo fã de jogos “soulslike” é o tal do “git gud”. Basicamente, toda dificuldade com o jogo é vista como skill issue – você só tem problemas porque ainda não jogou o suficiente. Se você continuar se esforçando e jogando, em algum momento vai adquirir a habilidade para dominar o jogo – seja ele Sekiro, Demon’s Souls ou Elden Ring.
Mas eu tenho uma outra teoria: de que é possível você dedicar centenas de horas para um único jogo e gostar bastante dele mesmo sendo muito ruim e não conseguindo avançar o esperado – e tá tudo bem. E não consigo pensar em exemplo disso melhor do que eu mesmo.
Eu não sou muito fã dos jogos da From e de soulslike de modo geral – assim, eu sou fã deles na teoria, mas na prática eu nunca tenho paciência pra jogar mais do que algumas horas antes de largar mão. E isso não aconteceu com Elden Ring.
Eu não sei dizer exatamente o que ele tem que é tão diferente dos outros jogos da From (fora a questão de ser mundo aberto, claro), mas enquanto todos os outros jogos da empresa – Sekiro, Demon’s Souls, Dark Souls, Bloodborne – me fazem largar mão e ter vontade de desinstalar depois de algumas horas jogadas, ER é o contrário: ele continua me puxando para o jogo, mesmo depois de eu desligar o PS4 bufando e ir bater a cabeça na parede por uns dois minutos de tanta frustração.
E aí você se pergunta: ah, mas você não deve ter jogado tempo o suficiente pra ficar bom no jogo. Apresento pra vocês a prova número 1: um print do meu PS App com o tempo de jogo e troféus conquistados.
1030h jogadas. Mil e trinta horas. O equivalente a quase 43 dias inteiros da minha vida dedicados a Elden Ring. E oolha ali os troféus. Tá vendo o número de troféus dourados? Zero. Isso quer dizer que eu joguei mais de 1000h de Elden Ring e não fechei o jogo uma única vez. Pra se ter uma ideia, em média as pessoas levam de 70h a 100h para completar o jogo. Os jogadores que tem esse tanto de tempo in game normalmente já completaram uns seis ou sete New Game+.
E isso é contando só tempo de jogo hein? Porque se for pegar todos os vídeos que eu assisti para aprender e entender melhor o game, esse número passa das 1500h dedicadas apenas a Elden Ring fácil fácil. Entre assistir todos os vídeos de dicas e builds do Fextralife e o tempo jogando, eu praticamente posso pedir um diploma de técnico em Elden Ring pro MEC.
Claro, falar que eu não melhorei absolutamente nada é um exagero narrativo pra criar um título chamativo. É lógico que, hoje, eu sou um jogador muito melhor do que quando comprei o game há quase dois anos atrás (tá vendo como é basicamente um curso técnico? Dezembro deste ano eu estaria me formando…). Mas eu me sinto bom o suficiente pra derrotar a Elden Beast? Absolutamente não.
Tudo bem, vocês podem ver pela quantidade de troféus bronze e prata que eu já derrotei muitos chefões do jogo. Na realidade, de todos os chefes que valem troféu, eu apenas não consegui derrotar dois: a Malenia e a Elden Beast. Eu cheguei em ambos pela primeira vez quando tinha cerca de 300h de jogo. E hoje, mais de 700h depois, eu não me sinto mais preparado para ambos do que antes (pra falar a verdade eu não me sinto preparado nem pra enfrentar novamente o Mogh, que eu derrotei na absoluta cagada e acho q não conseguiria fazer de novo).
Porque essa é a realidade: eu meio que “estabilizei” minha habilidade depois de mais ou menos umas 300h de jogo. Até lá eu ia percebendo uma melhora na minha habilidade quanto mais eu me dedicava. Mas, desde então, minha habilidade com o jogo não apenas estabilizou, como até retrocedeu um pouco.
Hoje, eu não consigo mais derrotar o Grafted Scion da primeira área logo depois de derrotar o personagem. Pra falar a verdade, até sabendo de cor todos os truques pra subir fácil pra level 60 antes de enfrentar o Margit, o fdp ainda me faz suar um tanto pra matar ele – e mais de uma vez me derrota sem eu ter a mínima chance.
E sim, eu já testei tudo quanto é tipo de build – força pura, destreza, mágicos, de buff. Até build baseado arcano eu já testei. Mas independente do personagem usado, todos eles sofriam com uma única constante: eu sou um jogador horrível de Elden Ring.
Mas sabe o mais engraçado? Antes eu ficava frustrado pelo fato de ficar batendo na trave e não conseguir fechar esse trem desse jogo dos inferno. Mas hoje eu aceito que Elden Ring é tipo um casamento: muitas vezes você vai sair frustrado e se perguntando “porque raios eu me coloquei nessa roubada mesmo?”. Mas, se você aceitar que nem sempre as coisas vão sair do jeito que você espera, no panorama geral é possível perceber que os momentos bons juntos superam qualquer desavença que possa aparecer de vez em quando.
Hoje, eu estou tranquilo de que nunca vou conseguir fechar Elden Ring. Ele deixou de ser uma obsessão e virou o meu jogo pra ouvir podcast: eu boto o fone de ouvido, ligo o PS4, inicio ER, e vou andando pelas Terras Intermédias batendo nuns monstros, apanhando de outros, e me mantendo informado sobre tudo o que aconteceu na última rodada da NBA. E, pra quem sempre só enxergou os jogos da From Software como uma fonte de frustração, é bem irônico ter um jogo específico da empresa como parte de um processo de relaxamento.
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