Resenhas

Oppenheimer é um filme sobre monstruosidade e beleza. Por Pedro Zambarda

Por Pedro Zambarda, editor-chefe.

Estou numa onda de reviews atrasados, sem preocupação necessariamente com hype. Mas peguei os filmes do Christopher Nolan que não assisti para logo dar um jeito. Há algum tempo eu vi Oppenheimer (2023), indicado a 13 Oscars e vencedor de sete. Uma máquina da propaganda americana, incorporada por um diretor britânico.

Quase que oposto ao filme Ainda Estou Aqui, indicado neste ano de 2025, que denuncia a ditadura militar no Brasil, um regime que foi fomentado pelos estadunidenses conforme lembra a própria Fernanda Torres. No entanto, assistindo Oppenheimer e me arrependendo de não ter visto em uma sala de cinema IMAX, há algo mais além de suavisar a monstruosidade do complexo militar americano que gerou bombas atômicas em cima do estudo do físico J. Robert Oppenheimer.

O longa é razoavelmente fiel aos fatos históricos, mesmo quando ele toma liberdades poéticas no diálogo entre Oppenheimer e o físico Albert Einstein, que não teve envolvimento direto no Projeto Manhattan.

Oscilando entre cenas em preto e branco da exibição do civil físico, até cenas coloridas entre o passado e o futuro do experimento da bomba atômica, o filme é essencialmente sobre culpa. E uma culpa que mostra a monstruosidade da criação de Oppenheimer e a beleza, sim, existe beleza, na explosão daquela arma de guerra.

Oppenheimer foi perseguido por ligações com o Partido Comunista e foi acusado de ser um espião da União Soviética. As acusações foram mentirosas, mas suficientes para queimar sua reputação em praça pública, enquanto ele sempre teve simpatias à esquerda.

Se por um lado, o filme de fato humaniza monstros, ele também busca se aprofundar no acontecimento de mudança na Segunda Guerra Mundial e que marcou o século 20. Deixando de lado os vícios de Nolan na tela, a produção é uma boa reflexão sobre decisões que foram tomadas por cientistas brilhantes e militares que não ligaram para milhões de mortes em Hiroshima e Nagasaki.

Oppenheimer não previu as tensões geopolíticas do próprio ano de 2023 e de 2024, que permanecem em 2025. O risco nuclear dos Estados Unidos e da Rússia permanece agora com uma Guerra da Ucrânia. E, embora a crítica de Nolan seja soft, o filme vale uma revisita para ver a experiência estética e filosófica sobre o tema.

Oppenheimer. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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