Por Pedro Zambarda, editor-chefe.
Em duas horas, No Escape From Now, o documentário mais recente do falecido Ozzy Osbourne na Paramount+, mostra os seis últimos anos do homem apontado como criador do heavy metal e fundador da banda Black Sabbath. De uma queda em 2019 que lesionou sua coluna e seu pescoço, o filme mostra cortes do cotidiano do metaleiro.

Dirigido por Tania Alexander e produzido pela Echo Velvet em parceria com a família Osbourne e até da MTV, o longa tem um eco do reality show The Osbournes e mostra, além de Sharon, Kelly e Jack, a filha reclusa de Ozzy, Aimee – que é artista e chegou a ser tema de uma composição do pai. No entanto, esqueça o tom jocoso do programa de televisão. O cantor mostra sua vulnerabilidade diante da piora da saúde diante de um possível erro médico, passando nas mãos de diferentes especialistas.
A produção mostra muito pouco de Zakk Wylde, Tommy Iommi ou mesmo dos ex-companheiros de Black Sabbath. Não é um filme muito musical, exceto por dar os bastidores dos discos Ordinary Man (2020) e Patient Number 9 (2022). O primeiro deles recupera a infância traumática de Ozzy, desfazendo um pouco o metal tradicional na sonoridade.
Kelly Osbourne e Aimee apontam que a música, num espetáculo final, ajudou a atenuar as dores de seu pai – que tinha dificuldades de locomoção em casa, estava viciado em documentários sobre a Segunda Guerra Mundial. Em uma passagem engraçada, e tocante, Ozzy consegue se distrair com um rifle de dardos em casa.
Embora tenha morrido rico no dia 23 de julho de 2025, Ozzy Osbourne dá um depoimento sobre a infância pobre em Birmingham, numa criação cercada de agressões e passando necessidade.
E a produção do espetáculo final, quando Ozzy já não conseguia mais andar, mas cantou sentado em um trono do Príncipe das Trevas, é especialmente tocante.
Ozzy Osbourne morreu sendo chamado de satanista, o que nunca foi. Era um homem cristão, aberto a conhecer a cultura mundial. E fazia o papel do homem que mordeu um morcego no palco, um ocultismo performático.
No Escape From Now é o documentário menos Príncipe das Trevas. É mais o John Michael Osbourne cru.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
