Resenhas

Spider-Man 2 simplifica uma boa história no complexo universo da Marvel. Por Pedro Zambarda

CONTÉM SPOILERS DO FINAL. CÓPIA FOI CEDIDA PELA PLAYSTATION AO DROPS DE JOGOS

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Por Pedro Zambarda, editor-chefe.

Eu sou leitor do Homem-Aranha, do cabeça-de-teia, desde os anos 1990 e ele foi os quadrinhos da minha infância e da minha formação. Com as mudanças que vimos em Marvel’s Spider-Man 2 para PlayStation 5, é muito difícil que ele não seja o jogo do ano de 2023 para mim. Mesmo com Baldur’s Gate 3 e The Legend of Zelda Tears of Kingdom.

E boa parte do sucesso desse terceiro jogo da série da Insominiac desde 2018 está na simplicidade e na simplificação da história. Eu cresci lendo a Saga do Clone nas HQs, um arco complexo e confuso com os X-Men e o Scarlet Spider. O Scarlet está no jogo, como um traje, junto com todas as homenagens aos universos paralelos.

Mas o roteiro é muito mais simples.

Em vez de introduzir Eddie Brock e confundir com mais uma história o enredo, Spider-Man 2 segue linearmente a história aberta inicialmente. O primeiro jogo, que eu apreciei na E3 antes de chegar ao público, trazia um Peter Parker insosso e uma Tia May que morria sem muita comoção.

Miles Morales, lançado na pandemia, deu cor, contexto e recheio para essa saga, introduzindo o segundo Spider-Man ligado à periferia. Spider-Man 2 une os dois aranhas e dá mais cores para a história de Peter. E já explica de cara quem é o Venom: É o Harry Osborne que sofre com uma doença grave, restaurado por seu pai, Norman Osborne, o futuro Duende Verde (Green Goblin).

Antes de introduzir o meteorito, que vai provocar a existência do Lizard, e o traje simbionte, somos introduzidos aos combates e à mecânica de voo – que funciona muito bem e não é bizarra – numa luta cinematográfica contra o Sandman, o homem areia. E, aos poucos, o game se livra do estigma de ser mais um God of War com meia dúzia de comandos a serem apertados nas cutscenes.

O combate com as patas de metal de Peter Parker ou a eletricidade de Miles Morales exigem pensamento rápido e estratégico dos players. E as habilidades mostram que Miles é o melhor dos dois.

Mas o uso do traje simbionte traz a faceta horrível de Peter e nos conecta melhor com o personagem. E quando Harry volta a usar o traje e se torna o monstro Venom, a narrativa ganha ares épicos.

O que talvez seja mais fraco em tudo o que é contado é o traje “anti-Venom” de Peter, introduzido meio como um conceito de “Deus Ex Machina” – claramente um Venom que até voa seria impossível de ser batido pelos heróis e até pelos vilões de Nova York. A vizinhança dos cabeças-de-teia ficou a beira de não existir mais.

Senti a falta de Carnage (o Carnificina), mas gostei de Mary Jane transformada na simbionte Scream. Aliás, MJ com mais poder de fogo do que os heróis é algo cativante e interessante e não deveria ser alvo de cancelamento, tá bem, anti-identitários?

O jogo cativa e a trilha sonora é um espetáculo. Ouça Midtown Madness e veja se isso não fica na cabeça.

Somos melhores juntos, diz o slogan do título. Somos mesmo, especialmente embalados em uma história simples e bem alinhada às expectativas dos fãs da Marvel.

Para finalizar: Peter Parker decide se aposentar. Miles Morales, um rapaz negro da periferia, oficialmente é o melhor Spider. Por quanto tempo?

Notas

  • Gráficos: 9,5
  • Jogabilidade: 9,5
  • Som: 10
  • Replay: 10
  • Nota final: 9,75

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Venom no final de Spider-Man 2. Foto: Reprodução/YouTube

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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