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Único game no mundo com a participação de Zé do Caixão, ‘Monstruário’ é uma raridade nacional

Nos anos 90, o mercado da informática foi invadido pela mais recente inovação tecnológica daquela época: os CD-Roms, com enciclopédias, filmes, poesia interativa, pornôs e games, a exemplo do misterioso Myst, do assombroso 7th Guest ou do RPG Baldur’s Gate.

No Brasil, a 44 Bico Largo, uma empresa que criava animações para cinema e mercado publicitário, arriscou dois projetos multimídia, com Gustavinho e o Enigma da Esfinge, e Caxi Gambá encontra o Monstruário. Além da interatividade point-and-click convencional da mídia da época, estes games tinham outro chamariz para o público brasileiro: o game de Gustavinho contava com a dublagem da atriz Marisa Orth e Caxi Gambá trazia um feito único no mundo dos games: a dublagem de José Mojica Marins para o personagem Zé do Caixão.

Até onde o Drops de Jogos conseguiu apurar, trata-se do único game no mundo com a participação do icônico artista de terror brasileiro, que acaba de deixar este plano para aterrorizar outros mundos (e provavelmente conquistar novos fãs!).

Na história do game o gambé do título busca refugiar-se da chuva em uma casa abandonada. “Mexendo onde não deve, o gambá acaba libertando as mais assustadoras criaturas, dentre elas, Drácula, Frankenstein, Zé do Caixão e muitos outros”, explica a descrição sobre o game no site da produtora. “Você ainda pode ler tudo sobre os monstros, em uma verdadeira enciclopédia do horror, além de assistir a cenas dos mais clássicos filmes de terror. Um jogo assustadoramente engraçado, com a participação sobrenatural de Zé do Caixão”, conclui o texto.

“‘Caxy Gambá encontra o Monstruário’ não poupava esforços para ser engraçado e ao mesmo tempo desafiar o raciocínio lógico das crianças. Com piadas em praticamente todos os diálogos, seu objetivo era guiar o Caxy Gambá em um casarão mal-assombrado”, afirma a postagem de 2010 do blog News Cia.

“‘Caxy Gambá encontra o Monstruário’ foi completamente esquecido pelo tempo e não conseguiu se tornar um clássico. Ainda assim, vale ser lembrado pelos momentos hilários das piadinhas e, é claro, pela participação mais do que ilustre do Zé do Caixão. Afinal, esta foi a primeira e a única vez em que ele emprestou imagem e voz para um game!”, informa o conteúdo online.

“Nesse jogo com clima de desenho animado, você vai encontrar Drácula, Frankenstein e, claro, Zé do Caixão. Há também monstros estranhíssimos, como a malvada Lasanha Assassina”, detalhou o artigo “Game mistura terror e filmes de Zé do Caixão” da Folha de S. Paulo, logo após o lançamento do jogo, em 2001. A reportagem ainda explicava que o preço médio praticado à época para a venda do game era de R$ 49, valor bem elevado se considerarmos a inflação em mais de uma década.

É curioso que um game com tantas características icônicas tenha caído no pleno esquecimento e jamais tenha ganho um review à altura do nome de seu vilão principal. Isso mostra a falta de memória da indústria brasileira de games.

O catálogo de jogos eletrônicos brasileiros Game Brasilis, editado pelo Senac, em 2003, limita-se a apresentar a sinopse do projeto e informações técnicas acerca da equipe de desenvolvedores, revelando que o jogo levou 8 meses para ser produzido, sem quaisquer detalhes sobre o sistema em que foi programado ou curiosidades sobre a produção da arte e outras informações.

Assista abaixo o vídeo com o trailer do game.

Kao Tokio

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