Atualmente no Brasil, o hábito de pagar com um toque, seja com o Pix, QR code ou as famosas carteiras digitais, vem moldando fortemente a expectativa de velocidade da Geração Z. E isso transbordou para o ecossistema cripto.
Com pesquisas do setor, é possível notar que os jovens estão usando ativos digitais em diversos âmbitos, como jogos, compras do dia a dia e até viagens. Em junho, o Pix bateu recorde de 276,7 milhões de transações em um único dia e já soma mais de 160 milhões de usuários no país, um pano de fundo que ajuda a explicar a adoção de cripto no cotidiano.
Como a Gen Z paga hoje no Brasil
No celular, a experiência de compra que deu certo no game, aquela com confirmação instantânea e com fricção mínima, virou referência para todo o restante dos estilos de consumo. O Pix estabeleceu essa cultura de pagou, caiu, e passou a pautar o design do checkout.
O do QR code, com confirmação em segundos e recibo que chega enquanto a notificação ainda vibra. Com essa base, carteiras cripto encontram espaço como mais uma opção de pagamento em apps e plataformas digitais, especialmente entre quem já transita entre microtransações e itens virtuais.
Sendo assim, opções de apostas esportivas com criptomoedas também são exploradas pelos brasileiros, seguindo a mesma lógica. Quanto menor o atrito no depósito e no saque, seja com Pix, cartão ou integração de wallet, maior a chance de o usuário repetir a jornada.
A regulação exige identificação e limites, mas a expectativa de velocidade criada pelo Pix diferencia positivamente a experiência, aproximando o fluxo de pagamento do que a Gen Z já faz em jogos e streaming.
O efeito rede do Pix e a familiaridade da Gen Z com carteiras digitais se combinam. O Banco Central vem reiterando a escala do sistema que já conta com milhões de usuários. E o ritmo de recordes diários explicam por que integrações com QR e carteiras cripto são naturais para quem já vive no mobile.
Para onde vai o dinheiro: Gen Z vs Gen X
Uma pesquisa da Bitget Wallet com 4.599 usuários indica que a Gen Z concentra o gasto de cripto em jogos, compras do dia a dia e reservas de viagem, enquanto a Geração X lidera as despesas de maior valor.
O recorte reforça a cotidianização do uso, aquilo que começa em microtransação e passe de temporada migra para carrinhos maiores conforme a infraestrutura de pagamento amadurece.
Para o público gamer, isso se traduz em menor atrito na compra de itens digitais, moedas internas e conteúdos por temporada, com liquidação rápida e previsível, padrão que reduz abandono de carrinho e incentiva recorrência em títulos mobile e free-to-play.
Porém, apesar da alta do Bitcoin com os ETFs à vista, o grosso das negociações na América Latina continua em stablecoins. Um relatório de 2025 da Kaiko aponta o USDT respondendo por quase metade do volume regional. Dentro disso, o BTC está ao redor de um quarto e ETH/XRP disputando a vice-liderança.
A dinâmica muda entre exchanges locais e internacionais, mas a dominância das moedas atreladas ao dólar é constante. No Brasil, autoridades monetárias relatam que mais de 70% dos fluxos cripto têm ligação com stablecoins, muito usadas para transferências e remessas, o que explica a sensação de moeda intermediária no dia a dia digital.
O tema está na agenda regulatória do país, com o Banco Central indicando normas específicas para as stablecoins, dado o efeito potencial sobre fluxos de capitais e supervisão.
Menos fricção, mais conversão
Há três movimentos de infraestrutura que já estão no ar no Brasil e que mexem diretamente no checkout. O primeiro é o Pix Automático, liberado em 16 de junho de 2025. Ele permite assinaturas e cobranças recorrentes com confirmação instantânea.
Útil para passes de temporada, clubes de vantagens e serviços ligados a jogos, reduzindo churn por falha de pagamento e evitando fricção mensal. Para quem vende conteúdo digital, é literalmente trazer o “pagou, caiu” para a recorrência.
O segundo é a iniciação de pagamentos via Open Finance, que insere transferências conta-a-conta diretamente no fluxo do site ou app com consentimento do usuário. O ecossistema cresceu 44% em um ano, de 43 milhões para 62 milhões de consentimentos entre janeiro de 2024.
E em janeiro de 2025, um sinal de maturidade para “um clique” bancário e autenticação mais fluida, combinação que tende a reduzir abandono de carrinho. O terceiro é a confiança. O Banco Central opera mecanismos de proteção no Pix, como o bloqueio cautelar e o Mecanismo Especial de Devolução (MED).

Notebook. Foto: Wikimedia Commons/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Eles permitem ao pagador pedir devolução em até 80 dias em casos de fraude, com bloqueio dos valores enquanto a análise ocorre. Menos medo de golpe significa mais disposição para finalizar a compra, inclusive em tíquetes mais altos.
Com essas bases, a tendência é o Pix ganhar ainda mais espaço no e-commerce brasileiro, estudos já apontavam sua ultrapassagem dos cartões ainda esse ano, o que reforça a importância de integrar bem Pix, Open Finance e carteiras no mesmo checkout.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
