Que os RPGs eletrônicos são uma derivação dos jogos de mesa, ninguém tem dúvidas. Mas o que poucos sabem, é que a criação do FPS DOOM, produzido pela id Software, em 1993, foi amplamente influenciada pelas aventuras de Dungeons & Dragons, vividas pelos criadores do game.
A revelação veio do próprio John Romero, no prefácio escrito para a obra "Dungens & Dragons – O império da imaginação: A história de Gary Gygax, o criador do RPG mais famoso do mundo". COmo o próprio título demonstra, o livro se propõe a desvendar a vida de um dos autores do primeiro e ainda hoje um dos maiores RPGs de todos os tempos. Convidado para escrever um prefácio para o projeto, Romero explica a aproximação entre os diferentes games:
"Em 1990, na id Software, além de desenvolvermos jogos para PC, costumávamos jogar Dungeons & Dragons em um mundo criado por John Carmack. Era um universo totalmente diferente
de qualquer outro que já tivéssemos experimentado; havia um planeta inteiro, dezenas de personagens de alto nível que governavam partes do mundo, conspirando uns contra os outros, e várias facções espalhadas", escreveu.
"Era incrível jogar em um mundo onde o combate não era o único foco, e a política, a intriga e o suspense nos mantivessem entretidos por horas a fio. Aquela era uma
consequência imprevista da influência do D&D – que, em algum momento, os sistemas de combate deixariam de ser um fim em si e virariam um meio para enriquecer um mundo de emoções complexas e alianças mutáveis.
Nesse ponto, Romero explica que o foco "das nossas aventuras tornou-se a história, os personagens e o poder que detinham, enquanto o sistema de D&D mantinha tudo em coesão".
Até ali, os jovens não imaginavam o quão influente aquele universo ficcional seria decisivo em suas criações. "Durante as primeiras reuniõe de brainstorming para elaboração
de DOOM, nosso jogo lançado em 1993, decidimos buscar inspiração nas nossas aventuras de D&D". O desenvolvedor comenta que o mundo criado para as partidas de RPG havia sido
destruído por uma onda infinita de demônios invadindo o Plano Material Primário graças a um erro trágico de seu personagem no jogo. "Eu dera o Demonicon, um livro que mantinha demônios sob controle, a um poderoso demônio em troca de uma Katana Antiga +5 e um Anel da Regeneração Vampírica", escreveu.
"A destruição de nosso mundo de D&D por uma enxurrada de demônios nos deu a trama perfeita para um soldado especial em Phobos, uma lua de Marte. Uma corporação descuidada, chamada de Union Aerospace Corporation, estava fazendo experiências com uma nova tecnologia de teletransporte, e cometeu graves erros", informou.
"Demônios surgiram e mataram todas as pessoas da base. Sendo o último soldado espacial a descobrir isso, você abre caminho lutando pela base atacada até a fonte daquela carnificina, e, mais além, até o Inferno. Essa se tornou a história de DOOM. A experiência do usuário dependia muito do jogo em tempo real – uma versão acelerada do mecanismo de combate de D&D, baseado em lançamento de dados, mas, ao contrário do guerreiro-com-espada enfrentando mago-com-feitiços, era um soldado-espacial-com-armas contra demônios
equipados com magia infernal. Os lançamentos de dados são praticamente contínuos em DOOM, pois o combate é a principal função do jogo".
Romero finaliza, afirmando que após o lançamento, DOOM se tornou um dos jogos mais influentes da história, e isso "graças àquele que é, na verdade, o mais influente de todos: Dungeons & Dragons […] Os conceitos lançados por D&D inspiraram os primeiros grupos de jogadores e de programadores, e começou uma revolução de inovações técnicas e criativas", enfatiza, humildemente, o programador.
"Dungens & Dragons – O império da imaginação: A história de Gary Gygax, o criador do RPG mais famoso do mundo" está disponível para aquisição pela LeYa Editora e também no formato digital, no catálogo da Amazon.
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