Cultura

Opinião: Simulador de Escravidão na loja do Google é a prova que o mercado de games está mergulhado no racismo

Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.

Desenvolvido por uma tal de MagnusGames, empresa provavelmente de um dev único e para causar polêmica, o jogo Simulador de Escravidão dominou as redes sociais na manhã desta quarta (24) e indignou integrantes do movimento negro e periférico, incluindo membros de eventos importantes como a PerifaCon de São Paulo.

O título já foi tirado ar.

Escrevo sem medo de errar: O Simulador de Escravidão disponível para venda na loja do Google é a prova que o mercado de games está mergulhado no racismo e na extrema direita. E reforça a luta de minorias e de defensores da democracia nesse setor.

Há desenvolvedores de jogos que enxergam “graça” em racismo “recreativo”. A MagnusGames chegou a colocar na descrição que não defende a escravidão.

O jogo mostra o oposto.

Existe um debate ideológico que precisa ser travado com seriedade no mercado de games, refém apenas da lógica capitalista, imperialista, americana e branca. Não há espaço, nesse domínio, para a cultura de países periféricos como o Brasil.

E existe um preconceito da imprensa e do debate público com a mídia do videogame. O presidente Lula cometeu um erro ao associar games com violência.

No entanto, existe conexão entre a comunidade tóxica de videogames e os ataques contra creche e escolas.

Existe uma cultura tóxica de armamento na comunidade gamer. E um desejo de reprimir homens e mulheres negras. No caso da repressão feminina, o preconceito também atinge mulheres brancas e amarelas.

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Simulador de Escravidão. Foto: Reprodução

Não há preconceito somente no ex-presidente Jair Bolsonaro ou em um humorista de quinta como o Leo Lins. O mercado de videogames precisa dar um jeito nos racistas que existem em seu meio.

Já se ouve nos bastidores que o Ministério Público Federal (MPF) foi acionado contra o Simulador de Escravidão. O Google também deveria deixar de falar em “PL da Censura” contra o PL 2630 no Congresso. As big techs, gigantes de tecnologia, deixaram que racistas fizessem a festa na “liberdade de expressão” das redes.

E ganharam dinheiro de racistas. O Google embolsa um percentual dos mil downloads desse jogo racista no Google Play.

A festa do racismo precisa acabar no mundo. E ele passa pelo mercado de videogames.

Ele está mergulhado no racimo. E na ideologia de extrema direita.

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

Ver Comentários

  • Fato: Os recentes acontecimentos com Vinícius Jr mostram que o futebol é um esporte mergulhado em racismo

  • A formação do autor somado a forma que ele aborda o assunto coloca em dúvidas a capacidade de discutir o assunto que ele comenta. Leo Lins, extrema direita, Bolsonaro não deveriam ser foco da matéria. deixar a ideologia pessoal do autor pra falar sobre um tema deveria ser praxe.
    O autor aparentemente quer combater ódio com ódio, só a ideologia dele é a correta, não cabe reflexão em nada, esquerda sempre e boa, direita sempre é ruim, isso leva a regimes ditatoriais.

    O jogo foi criado por um Ucrâniano! Qual a relação dele com o que acontece aqui no Brasil? Localizar a discussão pro nosso país e ignorar a possibilidade de expandir o tema para uma discussão se a censura não e um veneno pior que a doença não seria mais proveitoso?
    E um jogo mal feito, tem um nicho de mercado muito restrito, provavelmente só ficou famoso com a mídia noticiando, esse jogo não vai ter um legião de fans ou ser formador de opinião. Mas podia iniciar uma discussão proveitosa... E uma pena não termos jornalistas de verdade ou pessoas capazes de fazer um bom trabalho quando estão em veículos que atingem tantas pessoas (Uai no caso) oportunidade perdida.

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