Editorial

Editorial: A entrevista do Xbox Mil Grau ao Flow é desserviço sensacionalista

Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos

A entrevista do canal Xbox Mil Grau, hoje desativado do YouTube, banido do Twitch e sem a marca a pedido da Microsoft, foi um exemplo de desserviço jornalístico, sensacionalismo barato, abertura de microfone sem qualquer critério ou pergunta incisiva. Conduzida pelo Flow Podcast, do youtuber Monark e de Igor, a ideia da conversa era ser um “bate-papo” e não uma entrevista. Os entrevistadores, no entanto, não tiveram responsabilidade na condução da interação.

A acusação que envolve o Xbox Mil Grau envolve preconceito pesado e racismo, o que foi denunciado por inúmeros jornalistas e celebridades, dentro e fora do Brasil, e não merecia ser tratado desta forma. Os entrevistadores acertaram num único ponto da entrevista – a exibição dos vídeos e dos posts preconceituosos no começo do encontro em um monitor.

O vídeo teve mais de 1,1 milhão de pageviews até agora e estava no primeiro lugar do Trending do YouTube.

Em determinado ponto da conversa, Monark frisou que haviam 76 mil pessoas assistindo a live simultaneamente. A preocupação com audiência alta era evidente, sem responsabilidade pelo que foi conversado de fato.

Dentro do jornalismo, não há problema de se entrevistar acusados, personagens controversos ou criminosos. No entanto, a condução da conversa dos entrevistadores, sobretudo de Monark, tentou relativizar as falas preconceituosas do Mil Grau em nome de uma suposta “liberdade de expressão” e contra uma “hegemonia esquerdista”. Contra a “cultura do cancelamento” e “em defesa de um dos polos do debate político”, um dos entrevistadores insistiu na argumentação da relativização. O ideal, nessas entrevistas, é existir um distanciamento e um cuidado no tratamento do assunto, sob o risco de existir, sim, uma abordagem sensacionalista, rasa e irresponsável do tema.

O Flow, aparentemente, tentou correr atrás do prejuízo no dia seguinte, após uma entrevista que não ouviu os agredidos pela Mil Grau há pelo menos três anos. Chamaram o advogado Erick Santos, que defendeu vítimas do caso, e dois militantes negros, Ale Santos e Paulo Cruz. Mas insistiram que “estavam sendo cancelados”.

Por fim, este editorial endossa as palavras do advogado Erick Santos, postada no Twitter depois de sua entrevista ao Flow, que serviu como contraponto:

“A comunidade gamer SOMOS NÓS e não vamos mais tolerar racistas, machistas e homofóbicos falando por nós”.

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

Ver Comentários

  • E desde quando o Monark e o Igor são jornalistas? Dizer que pessoas não-jornalistas fizeram um desserviço jornalístico é muita cara de pau de vcs, pqp.

    • é um "dessevirço jonalistíco" desde que eles (flow podcast) chama um cara pra falar "espontaneamente" pra se defender (ou não) de um fato que foi deveras racista, vocês ouviriam por exemplo, já que vocês defendem o que o flow fez, o pc siqueira? deixariam ele falar sem nem tocar no assunto pedofilia? acredito que não, iriam cancelar o flow bem rápido, mas já que é sobre negros, vocês estão cagando.... #Fato

      • Primeiro que: pedofilia é MUITO MAIS grave que racismo. Segundo que, eu , falando por mim, não teria o menor problema em ver o PC pra tentar se explicar sobre o que aconteceu, até porque ia acontecer a mesma coisa que aconteceu com Xbosta milgrau, ou seja, ele ia cavar a própria cova. O mil grau ficava falando o tempo todo "mas e o contexto?" "nós temos mil horas de gameplay" virou meme instantâneo no chat ao vivo. E independente se foi um desserviço ou não, o milgrau já morreu, enquanto que o PC tá aí de boas, ninguém conseguiu cancelar ele como o que fizeram com o mil grau, mesmo eles tentando se explicarem.

    • Exato, chega dar pena, pura inveja do Flow desse blogueirinho que se diz jornalista KKKKKKKK
      "...dentro do jornalismo não há problema em entrevistar criminosos...",
      ...como se fosse jornalismo, como se fosse entrevista, b.rrice extrema !!!
      e olha a postagem disso aqui... toda enviesada à acusar, e falando como se todo mundo que fala publicamente deveria ser um especialista, o dia em que uma pessoa comum não puder ir em uma plataforma como o youtube se expressar sobre qualquer assunto, aí estaremos em uma hegemonia totalitária !!!

  • "Monark, tentou relativizar as falas preconceituosas do Mil Grau" Onde foi isso? ksakdsakdk pqp essa foi boa.

  • Expor a verdade agora é discurso de odio, é isso que esses fdp querem. E vc é um vagabundo, vem pegar na minha rola. que sejamos livres pra falar, escrever o que quisermos.

  • o pior de tudo é que esse cara vai ficar impune e além disso, como todo mundo tá falando sobre isso no YouTube, Facebook e Twitter, a página tóxica deles tá sendo mais sugerida por conta dos algoritmos e tal. triste.

  • Fala sério... este "Editorial" foi publicado apenas para ganhar cliques... Que texto mais desnecessário, Monark e Igor não são jornalistas, os caras são uns imbecis que chamam pessoas para conversar, para que exponham suas ideias, opiniões e para que falem sobre algo que aconteceu.

  • O intuito da talk show NUNCA foi ser uma entrevista jornalística, e sim uma conversa. Olha, quem não aceita escutar a opinião dos outros é ignorante, intransigente...não temos tribunais de exceção no Brasil. Senhor dono da verdade que redigiu o texto dessa página, é o JUDICIÁRIO quem vai adequar condutas ao regramento jurídico, e não o senhor e um bando de adolescentes. Para mim ficou claro que eles são sim racistas e bem estúpidos, porém, adorei escutar o ponto de vista deles para aprender como pensam essas pessoas...

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