Indie

Revista Piauí produz desinformação associando videogames às apostas e Tigrinho

Por Pedro Zambarda, editor-chefe.

Numa reportagem bem escrita e bem apurada da revista Piauí do mês de janeiro de 2025, o jornalismo da publicação produz desinformação associando videogames, entretenimento eletrônico, que pode ser educativo e até terapêutico segundo o Marco Legal dos Games, a lei 14852, às apostas e ao jogo do Tigrinho.

Desinformação associando games e apostas

Diz a reportagem, no quinto parágrafo: Há dois tipos de plataformas de bets (“apostas”, em inglês). Um é o dos jogos, como o Aviator (conhecido como “aviãozinho”), o Balloon (“balãozinho”) ou o Fortune Tiger (“o tigrinho”), o mais famoso deles. Todos são adaptações digitais de videogames ou de caça-níqueis de cassinos. Simulam que tudo depende da habilidade do jogador, quando, na verdade, depende da sorte. A outra modalidade da jogatina online é a de palpites esportivos, em geral sobre futebol. As apostas versam sobre múltiplos aspectos – o placar do jogo, se alguém receberá um cartão amarelo ou vermelho, se algum jogador fará gol contra.

A revista repete a desinformação já realizada por setores do governo Lula, embora o próprio governo federal tenha corrigido a rota e focado na taxação das apostas ao longo de seu mandato junto ao Congresso Nacional. Na tramitação do Marco Legal dos Games, empresas de bets, disfarçadas de fantasy games, tentaram se infiltrar no Projeto de Lei para se livrar dos impostos.

A reportagem de Piaui, no entanto, acerta ao rastrear influenciadores e atores que estão promovendo essas apostas e ganhando com as perdas de seus seguidores.

Diz o texto:

A corretora imobiliária Tathiara Barbosa Fonseca, de Gravataí, no Rio Grande do Sul, viu um dia no Instagram recomendações sobre os cursos de uma influenciadora com dicas sobre como faturar alto no Aviator, um jogo no qual o usuário tenta adivinhar a hora certa de parar um avião durante a decolagem.

(…)

Ao longo de três anos, perdeu 1 883 981,08 reais, sem falar nos juros e encargos de empréstimos, contam João Batista Jr. e Alessandra Medina* na edição deste mês da piauí. A reportagem relata o impacto das bets no país, narra os caminhos políticos da regulamentação e revela os cachês multimilionários de famosos como os influenciadores Carlinhos Maia, GKay, Maya Massafera e Virgínia Fonseca, e o ator Cauã Reymond, para promover a jogatina.

Apesar da desinformação no texto, a reportagem é importante e merece ser lida aqui.

O problema desse tipo de desinformação na mídia

Associar videogames e apostas é um tipo de conexão que em mercados como Estados Unidos e Índia acabaram se integrando e prejudicando a reputação dos jogos eletrônicos como ferramentas educativas e de entretenimento. O jogo eletrônico, seja indie ou de grande indústria, não tem as mesmas premissas dos jogos de azar.

E estigmatizá-los inibe investimento público e privado em inovação, um setor que deveria ser estratégico no Brasil.

Reportagem da Piaui. Foto: Reprodução/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

Reels da Piauí com a associação errada. Foto: Reprodução

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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