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Opinião – Elden Ring é uma grande mentira e tem um narrador ‘não-confiável’

O jornalista Josh Broadwell, do VG247, fez um ótimo artigo sobre o enredo do mundo aberto de Elden Ring, da FromSoftware. O texto é de 18 de abril de 2022. Confira a reflexão.

Elden Ring é um RPG de mundo aberto que parece comum superficialmente. Ele tem todos os elementos de um mundo de fantasia, intriga política e a promessa de uma luta contra um suposto Deus no fim.  Elden Ring é construído sobre decepção, acredite se quiser.

Mentiram para você sobre o enredo. Não apenas uma vez, mas em todo o jogo, transformando você em um campeão involuntário de um ciclo de abuso e opressão.

A rainha Marika, a Eterna, está desaparecida, nos dizem, após quebrar o Elden Ring mergulhando o mundo em uma guerra. Essa é a deixa para os Maculados voltarem para as Terras Intermédias e restaurarem a Ordem.

Você só percebe mais tarde o quanto está errado sobre esses pressupostos. Você é jogado em uma igreja sinistra e inevitavelmente morre.

A FromSoftware te joga no subsolo, você sobe e é confrontado com um mundo vasto e sem ideia de para onde ir. Um tutorial diz para você seguir a Graça, e considerando que a Graça é o que o mantém vivo.

Parece que esse é o caminho correto, certo?

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Elden Ring é uma grande mentira e tem um narrador ‘não-confiável’. Foto: Reprodução/VG247

Onde a Graça te guia é tão importante quanto onde ela não faz isso. Elden Ring empurra você para Stormveil Castle e Godrick, enquanto em Caelid praticamente ela o arrasta para Redmane Castle e Radahn.

A Ordem Dourada está satisfeita por você matá-los, ou mesmo Rennala, não fosse a interferência de Ranni. Marika avisou seus filhos que se eles não correspondessem ao que ela esperava, eles seriam sacrificados.

E Enia, a Leitora de Dedos, mais tarde lhe diz que o desejo da Grande Vontade é que você extermine os semideuses inúteis.

A Graça te leva pelos cumes das Montanhas dos Gigantes não oferecendo nenhuma orientação para encontrar Malenia ou Miquella – os filhos favoritos de Marika e as menos ameaçadoras para a Ordem Dourada. Enquanto isso, a Floresta da Névoa carece de qualquer tipo de Graça, isso mostra brutalidade da Grande Vontade abaixo da terra.

Em Liurnia, a Graça leva você a outros locais problemáticos, como o local do massacre de Gideon e áreas conectadas com a verdade por trás da Ruptura do Elden Ring.

Em teoria, essa Graça vem de Marika. Se você descansar na Igreja da Peregrinação na Península Weeping, Melina aparece e convoca as palavras de Marika do passado. A Rainha Eterna faz uma promessa para aqueles que se tornarem Maculados, dizendo que ela restaurará sua Graça a eles após sua morte.

Marika mentiu. Talvez estivesse exagerando, cheia de arrogância e com a intenção de subverter a Ordem Dourada que ela havia superado. E ela tem dentro de si Radagon, o fiel servo da Ordem.

Você descobre mais tarde que a Grande Vontade estendeu a Graça aos Maculados após a prisão de Marika. Um deles [você] restauraria o Elden Ring e seria o novo governante.

Após cumprir os desejos da Grande Vontade e matar pelo menos dois semideuses, os Dedos finalmente revelam a verdade: Marika quebrou o Elden Ring e foi presa por seu pecado. Mesmo essa não é a história completa. Melina diz a você na Igreja da Térvore Menor que Marika proclamou sua intenção de “procurar as profundezas da Ordem Dourada” e não se apegar mais à fé cega.

Foi assim que ela começou a se desencantar com seus supervisores divinos.

Este é um mundo onde os pais rejeitam seus filhos supostamente amaldiçoados por terem nascido de forma diferente, como Marika e Godfrey fazem com Morgott e Mohg. Amigos quebram seus laços de companheirismo se um deles se atreve a manter ideias que contradizem a crença ortodoxa, e estudiosos como o irmão Corhyn temem buscar conhecimento por medo de que isso possa derrubar a tradição. Um mundo quebrado.

A Era da Fratura é realmente o que o nome desse final diz, talvez a única verdade em todo o jogo. É uma Era Quebrada com um Elden Lord que é uma marionete sem vida. Um narrador que não é confiável.

Leia o artigo na íntegra, em inglês, aqui.

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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