Indústria

Riot é acusada de tentar calar funcionários que sofreram assédio sexual

Riot Games está sendo acusada por um órgão governamental dos Estados Unidos de ter realizado acordos ilegais para que seus funcionários e ex-funcionários não falassem sobre práticas nocivas e abusos no trabalho.

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Essa acusação foi feita em uma carta divulgada nesta segunda-feira (16) pelo Department of Fair Employment and Housing (DFEH), uma agência do governo norte-americano responsável pela proteção de direitos civis como o emprego e moradia. O DFEH enviou um requerimento para que o Tribunal Superior de Los Angeles obrigue a Riot a notificar seus colaboradores sobre o direito que eles têm de falar com o DFEH. A entidade explica que o aviso aconselhará os trabalhadores sobre o direito que eles têm de falar livremente com o governo sobre práticas ilegais no local de trabalho, sem medo de retaliação.

“Os acordos que tentam impedir os indivíduos de registrar uma reclamação ou auxiliar em um processo do DFEH entram em conflito com disposições antirretaliação e anti-interferência”, diz Kevin Kish, diretor do DFEH.

Carta da entidade afirma que os acordos que foram celebrados pela Riot com os funcionários têm um “efeito assustador sobre a vontade dos indivíduos em apresentar informações que possam ser importantes para a DFEH, que busca promover o interesse público na eliminação da discriminação e assédio no trabalho”. As negociações da desenvolvedora de jogos como League of Legends (LoL) teriam sido feitas com cerca de 100 funcionárias mulheres, que teriam desistido de falar sobre os casos de assédio e outras violações que sofreram.

Essas denúncias contra a Riot Games surgiram em 2018 em uma matéria da jornalista Cecilia D’Anastasio, à época no Kotaku. A reportagem mostrou que a desenvolvedora tinha uma cultura extremamente sexista, já que muitas funcionárias mulheres eram tratadas de forma injusta e ficavam em desvantagem na comparação com homens.

Além de problemas com as pessoas do sexo feminino, as revelações mostraram que os homens também eram afetados. Em um dos casos, um funcionário disse que tinha constantemente seus órgãos genitais apertados por um líder sênior. Escândalo fez com que a Riot se comprometesse a mudar a política interna e estabelecer novas regras para mudar o ambiente tóxico. A marca chegou a realizar um acordo com os funcionários que sofreram os abusos. Foram justamente estes acordos que foram taxados de ilegais pelo DFEH, já que eles supostamente obrigavam os funcionários a não falarem mais sobre os casos.

No e-mail enviado ao site The Verge em 16 de agosto, um porta-voz da Riot Games disse que “avisos estão sendo enviados a ex-funcionários para confirmar que os acordos rescisórios da Riot nunca proibiram de forma alguma a falar com agências governamentais”. Porta-voz da empresa chegou a enviar para o site uma captura de tela mostrando um possível trecho do acordo com os funcionários que dizia: “Nada neste acordo proíbe você de relatar possíveis violações de leis, regulamentos federais ou estaduais a qualquer agência ou entidade governamental”.

Vimos no Voxel.

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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