O Consultor. Foto: Divulgação
CONTÉM SPOILERS, FECHE SE VOCÊ NÃO ASSISTIU.
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Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.
Era para eu ter escrito este texto em março. Mas fui atropelado pelo noticiário. Na Folha de S.Paulo, uma resenha aponta que a série O Consultor, da Amazon Prime, é uma obra que “apavora millenials” e que “recusa o politicamente correto”. Discordo e fico mais próximo da interpretação do New York Times para a produção. Na verdade, aprofundo a análise no sentido oposto.
A Folha interpreta que a produção da Amazon é “anti-woke”. Tenho a impressão que há um setor da imprensa que, com o objetivo de “combater os cancelamentos”, chama tudo aquilo que retrata a geração dos millenials como o “politicamente correto” ou obra “identitarista”. Parece mais obsessão do que fato, porque o assunto de O Consultor é outro.
O enredo da série é simples. Há uma empresa de desenvolvimento de jogos chamado CompWare gerida por um jovem sul-coreano. O CEO é misteriosamente assassinado e substituído por Regus Patoff (Christoph Waltz). Parece um executivo yuppie, bem ao estilo de Steve Jobs, como lembra o NYT.
Regus não sabe nada sobre videogames, o que é bem comum da geração yuppie que os enxerga como brinquedo.
Com esse ambiente pesado, o novo executivo interino começa a maltratar os funcionários, sendo que a empresa tinha uma cultura mais libertária. E se monta um mistério ao redor de Regus Patoff. Sem dar muitos spoilers, o que precisa ser dito sobre a interpretação magistral de Waltz é isso: O novo CEO não é sequer humano!
Frustrados pelo comportamento do chefe, funcionários começam a se mobilizar dentro da CompWare para ascender na empresa ou para desmascará-lo. O que se descobre é que Regus é uma espécie de programa que funciona na base dos lucros. Quando há “falha humana” nas companhias, ele elimina sua liderança e adequa o seu funcionamento.
Nada mais neoliberal do que isso.
O “sadismo” de Regus obedece ao sistema capitalista que vivemos. E nada mais adequado do que ele empregar seus meios dogmáticos do que dentro do mercado de games, que tem uma faceta bastante mercadológica e outra mais liberal. Os funcionários fumam maconha. As festinhas eram frequentes.
A cultura empresarial muda e, com ela, a graça acaba.
O Consultor. Foto: Divulgação
Apesar da bizarrice do elefante nos episódios finais, O Consultor é tudo, menos uma “obra anti-woke”. Essa é uma leitura superficial da produção da Amazon, que deve ter mais uma temporada. Sua história não é profunda e é guiada pela grande atuação de Christoph Waltz, que se imortalizou como um oficial nazista em Bastardos Inglórios (de Quentin Tarantino). O seriado se guia mais como uma crítica ao sistema capitalista no atual patamar neoliberal.
O que importa são os likes, os downloads, o engajamento. O dono do videogame não precisa nem saber o que é videogame.
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