Memória: Dubladores da animação Street Fighter II não sabiam pronunciar nomes e golpes nos anos 1990 - Drops de Jogos

Memória: Dubladores da animação Street Fighter II não sabiam pronunciar nomes e golpes nos anos 1990

Em livro, diretor de dublagem afirma que não existiam tradutores de japonês nos estúdios. A obra, até então esgotada, está a venda novamente.

  • por em 8 de junho de 2016
Imagem: fotomontagem com frame de animação e capa do livro de Nelson Machado

Nelson Machado é daqueles nomes que não reconhecemos, mas cuja voz é famosa em todo o país: além de inúmeros personagens, Machado dubla a inconfundível voz de Kiko, famoso personagem do seriado Chaves.

O profissional, que atua nesse ramos desde o final dos anos 1960, teve outras importantes passagens no mercado e dirigiu a dublagem de nada menos que Street Fighter II, animação dos anos 1990, que estourou no Brasil, na esteira de sucesso do game.

Em seu livro 'Versão Brasileira', de 2005, e até recentemente esgotado, o ator relembra a chegada do anime ao estúdio Megassom, em São Paulo. "Um belo dia, surgiu um desenho estranho na Megassom. era uma série japonesa com lutadores de vários tipos. Ninguém sabia muito a respeito daqueles pesonagens e a série estava falada em japonês".

"Tradutor de japonês [àquela época, nos estúdios], simplesmente não existia", rememora. "A solução foi chamar um senhor japonês conhecido de alguém do estúdio. Ele fazia a tradução literal do que ouvia no desenhos e depois nós adaptávamos a tradução dele para adequar pra dublagem".

Machado continua, informando que foi designado para dirigir a dublagem e que recebeu a notícia de tratar-se de uma animação baseada em um game. "Me lembrei de ter visto aquele nome em uma máquina num shopping: Street Fighter". 

Com as dificuldades encontradas para a tradução, Nelson conta como encontrou detalhes mais precisos sobre o universo da animação: "Fui buscar informações de pronúncia quanto aos nomes dos personagens e golpes de luta com os garotos, os jogadores do shopping", descreve, de forma divertida, comentando as adaptações necessárias para o idioma local. 

"Um exemplo disso foi a pronúncia do nome do grande vilão da série: Bison. A ordem inicial era dizer BAISSOM, numa pronúncia americana. Mas descobrimos que todo mundo que jogava Street Fighter já estava acostumado a chamá-lo de BISOM", explica no livro.

Entre as curiosidades, o diretor relata que o dublador carioca Sergio Moreno imprimiu no lutador Ken a frase clássica do personagem em português. "Os nomes dos personagens, bem como os golpes, foram mantidos. Mas algumas características ou maneiras de dizer as coisas foram, na verdade, criadas na dublagem. Um exemplo marcante disso é o bordão do Ken. Sergio Moreno, chegado havia pouco tempo do Rio de Janeiro, tinha algumas maneiras bem peculiares de dizer as coisas […] Ele próprio, Sergio, usava com frequência a frase: Hi, ó o cara aí!.

Logo que começamos a dublar a série, ele colocou, de brincadeira, a frase na boca do Ken em determinado momento. Aquilo ficou engraçado e a gente resolveu deixar. Nos episódios seguintes, sempre procurávamos algum momento onde a frase coubesse. O resultado é que a frase Hi, ó o cara aí! virou bordão do Ken, marca registrada do personagem. Mas isso só existe no Brasil!".

Versão Brasileira é diversão garantida para fãs de dublagens e séries de tv, com informações sobre Cavaleiros do Zodíaco, Chaves, filmes e animações clássicas de décadas de tv brasileira. Os interessados podem procurar a obra de Nelson Machado diretamente no blog do autor.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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