O asteroide 2024 PT5 foi capturado pela gravidade da Terra no final de setembro, com muitos dizendo que nosso planeta teria ganhado uma segunda lua. Mas não se deixe levar pela ignorância científica (ou pela preguiça da mídia, mesmo): essa afirmação é tecnicamente incorreta e pode induzir ao erro, pois este objeto já tem data para sair da órbita terrestre.
Isso significa que a Lua segue plena e soberana, sendo o único satélite natural do planeta onde vivemos. O apelido carinhoso mais adequado para um objeto espacial que é atraído pela gravidade de um planeta, de maneira que parece orbitá-lo mas não chega a entrar, de fato, nessa órbita planetária, seria algo como “minilua” ou “quase-lua”. Ao menos são os termos que cientistas e divulgadores responsáveis costumam usar para facilitar a compreensão por parte do público leigo.
Então, podemos dizer que o asteroide 2024 PT5 temporariamente se comporta como uma minilua, uma vez que “passeará” ao redor da Terra por um período determinado e previsto. Depois disso, o objeto seguirá sua real órbita, ao redor do Sol — e não da Terra.
“Para que um objeto se torne uma lua de um planeta devem ser cumpridas duas condições: primeiro, estar dentro da esfera de influência do planeta, que seria, grosso modo, a distância dentro da qual o puxão gravitacional do planeta é maior que o do Sol, e segundo, ter energia orbital, em relação ao Sol, suficientemente baixa como para ser capturado permanentemente pelo planeta. O 2025 PT5 cumpre com a primeira condição, mas não com a segunda”, explica o Dr. Fernando Roig, astrônomo do Observatório Nacional.
Até quando a “quase-lua” fica ao redor da Terra?
Cálculos astronômicos indicam que o asteroide em questão ficará nos arredores somente até o final de novembro. Mais especificamente, ele deverá se libertar da captura gravitacional da Terra no dia 25 de novembro, às 12h43 no horário de Brasília.
A partir deste instante, o 2024 PT5 não poderá mais ser apelidado de minilua ou quase-lua, já que não terá mais nada em comum com uma lua — nome dado apenas a um corpo celeste que gira em torno de um planeta (e não de uma estrela) em uma órbita estável, que dura bilhões de anos, muito mais do que algumas meras semanas. Afinal, ele voltará a orbitar apenas o Sol.
O objeto que ainda pode ser chamado de minilua da Terra faz parte do cinturão de asteroides de Arjuna, um grupo secundário de pequenos corpos celestes que “perseguem” a Terra em sua órbita ao redor do Sol, a uma distância média de cerca de 150 milhões de quilômetros da nossa estrela. Eles podem se aproximar da Terra a uma distância de 4,5 milhões de quilômetros e a velocidades consideradas baixas, astronomicamente falando, e isso permite a captura temporária pela ação da gravidade terrestre.
Fontes: NASA, Observatório Nacional
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.