Por Elio Filho, colaborador do Drops de Jogos, de Portugal.
Voltei da Gamescom Singapura com notícias incríveis! Tenho a sorte de conhecer um engenheiro e artista singaporeano que coleciona brinquedos, tem como hobby as minaturas mas, acima de tudo, é um jogador ávido e o visitei em sua casa, onde fui muito bem recebido e pudemos falar de video jogos.
Mas, principalmente, de conhecer sua família e o trabalho da sua vida: uma incrível coleção de mini-consoles feitos à mão individualmente!
Vamos a isso?
Os ares de Singapura são bastante diferentes da agitação asiática do Japão e China. Tudo muito calmo, limpo, organizado, pensado no cidadão e na eficiência, as pessoas cuidam de si e entre si. Quando notam um turista na rua tratam de fazer da visita dele um acontecimento agradável e respeitoso, cuidam para que leve de Singapura boas recordações.
Singapura. Foto: Elio Filho
Dentre estes cidadãos, um se destaca: o Nicholas, uma pessoa muito tímida (típico dos orientais) mas ao mesmo tempo sua inteligência e capacidades gritam alto por si. Quando soube desse talento incrível o procurei naquela época da visita do Trip Hawkins à minha casa e desde então acabamos por ficar amigos e tenho muito orgulho disso, na verdade é uma honra para mim e minha família conhecelo e à sua família.
Chegar na casa do Nicholas é viajar no tempo: um vilarejo arborizado no meio da metrópole, uma casa típica de muros baixos, com uma sala especial ao lado da sala de jantar: um espaço para miniaturas, LEGO e videogames. O espaço, apesar de reservado, é compartilhado pelo filho único Joshua, um estudante de economia que partilha com o pai o amor pelos videojogos, quando o tempo permite entre os estudos universitários e o seu trabalho na organização cívico-social NUS de Singapura.
A “sala secreta” tem ainda uma coleção de personagens, algumas estátuas de Gundam feitas em LEGO e a coisa mais sensacional que já vi: uma mini-cidade “viva” toda feita em peças de LEGO, cada casinha tem vida própria acontecendo, luzes que oscilam, pessoas a trabalhar, é um parque da Disney em versão bloquinhos de plástico. Deixo aqui um vídeo que gravei, curto mas ilustrativo, para deixar os fãs de LEGO com água na boca pela versão full que vou colocar no youtube em breve.
Quanto A arte de cada uma das mini consolas é toda feita em impressora 3D e depois acertada e trabalhada nos mínimos detalhes pelas mãos do artista… Cada adesivo, cada inscrição, cada logotipo, centímetro por centímetro é replicado com precisão na miniatura.
O hardware utilizado é o RetroPi, pela facilidade e tamanho, com o sistema de cada uma delas totalmente personalizado num cartão SD comum. A mini-3DO por exemplo faz boot como um 3DO, com os logotipos e tudo. A mini-Megadrive faz o boot com o logotipo da SEGA no meio do ecrã… tudo para fidelizar a experiência como deve ser respeitando o hardware e o software originais. Os comandos são adaptados dentre os modelos USB disponíveis, porém respeitando a arte e as cores da consola a que se refere.
As fans estão no sítio certo! As conexões para os comandos respeitam a posição dos modelos originais… a conexão em vídeo usa o HDMI-mini padrão e a fonte é uma USB-C comum de carregador de telemóvel, incrível como esses aparelhos consomem pouca energia: mesmo em jogo é possível alimentar uma dessas consolas mini usando um powerbank! 😀
Deixo as imagens falarem por si, é impressionante o nível de detalhes.
3DO modelo FZ1 mini. Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Atari 7800 mini. Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Atari XE Gaming System Mini. Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
SEGA Dreamcast Mini. Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Atari Jaguar Mini (com o mini-cartucho autografado pelo John Romero). Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Acima temos o mini-Jaguar, abaixo o cartucho original de Jaguar acompanhado do mini cartucho, para comparar os tamanhos dessas obras de arte:
Wolfenstein 3D em tamanho real e DOOM mini. Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Nintendo N64 Mini. Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
O mais querido pelos colecionadores: Neo Geo Mini. Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
PC Engine Mini (detalhe para o cartão removível). Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
SEGA Master System Mini. Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
SuperGrafx Mini. Foto: Elio Filho/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Até as caixas são feitas sob medida para armazenar essas maravilhas… Com mini-cartuchos e tudo, que não são funcionais (apenas decorativos) mas podem ser plugados e desplugados da mini-consola ao gosto do jogador.
Caixas. Foto: Elio Filho
DROPS DE JOGOS – Obrigado por nos receber na sua casa. Por favor fale um pouco de você e da sua paixão pelos videojogos…
Nicholas Sim – É sempre agradável falar sobre minha coleção de mini consolas, o que é bem apropriado já que sou de Singapura: uma mini cidade/país por si só! Jogo videogame desde que me lembro. Primeiro foi um chamado “Soundic Pong Console” e continuo a jogar até o Sony Playstation 5 de hoje! Meu jogo retrô favorito seria o Konami Wai Wai World para o NES. Poucos ouviram falar dele, mas era uma mistura de personagens de vários jogos da Konami…
Tudo começou com este aqui… Foto: Elio Filho
DJ – Sente saudades dos videogames clássicos?
NS – Claro, os videogames de hoje são muito diferentes. Last of Us está definitivamente entre os meus favoritos de todos os tempos. Ainda assim os jogos de antigamente ocupam um lugar especial não apenas no museu, mas no meu coração.
Minha primeira mini consola de jogos foi, na verdade, uma Nespi Retroflag (NES Mini) comprado e que tinha um Raspberry Pi integrado, nos idos de 2018. Poder ter e jogar tantos jogos em uma caixa pequena, mas familiar, trouxe de volta todos os tipos de sentimentos confusos e memórias calorosas… Foi basicamente isso que começou meu amor e, de certa forma, obsessão pelos minis. Querendo melhorar ainda mais a idéia, comprei um mini HUB Genesis e o modifiquei para caber um Raspberry Pi!
DJ – Qual foi portanto a primeira mini consola que fizeste?
NS – A primeira mini consola totalmente feita foi uma réplica do Atari 2600. Sendo engenheiro eu tinha o software para esboçá-lo e modelá-lo e então o imprimi em 3D. Muito trabalho foi gasto na pós-impressão; preparação, lixamento, pintura, etiquetas, etc. O que era novo para mim era a parte do software, ou seja; Retro Pi, emuladores e jogos. As comunidades Reddit e Retropie foram realmente muito útil nesse aspecto.
DJ – Qual é o foco da sua coleção, apenas os seus videogames favoritos em miniatura?
NS – Meu foco principal era ter uma versão mini de várias consolas de jogos populares, aquelas que não estivessem disponíveis prontas para comprar no mercado eu tentaria fazer. Cada um dos meus minis ostenta seu próprio Retro Pi e sua respectiva biblioteca de jogos personalizada. Um dos requisitos também era terem sua própria tela de inicialização e seleção de jogos personalizada, tudo feito por mim um a um.
Às vezes, acho que sou muito detalhista afinal um único Retro Pi poderia rodar todas as consolas mas eu queria ter a representação física correta de uma consola para rodar especificamente os seus jogos… o sentimento é diferente de jogar apenas através de uma tela de selecção dentro de algum emulador.
DJ – Quantos minis tem e qual seu favorito? Algum projecto para o futuro? Pretende comercializá-los?
NS – Tenho 11 mini consolas que fiz até agora mas o meu favorito tem que ser o 3DO modelo FZ1. Foi o último que fiz e tem detalhes bem precisos, até o LED verde piscando ao carregar. A tela inicial personalizada durante a inicialização também é algo com que estou bastante satisfeito. Tive muitas consolas quando criança e me arrependo de nunca tê-los mantido.
Esta coleção e seu compêndio de jogos são parte daquela memória que tento recriar. Para o futuro pretendo terminar a Playstation 2 modelo FAT que tenho procrastinado ha quase 1 ano e logo a seguir veremos, talvez outra versão da 3DO no modelo FZ10 para surpreender alguns bons amigos que foram os projectistas tanto do hardware com do software originais… só o tempo dirá!
Vamos esperar a PS2 FAT sair das mãos do artista e ganhar vida própria… Foto: Elio Filho
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.