Jornalistas brasileiros se manifestam sobre a morte de Satoru Iwata - Drops de Jogos

Jornalistas brasileiros se manifestam sobre a morte de Satoru Iwata

Diante da comoção generalizada na internet, jornalistas brasileiros que tiveram contato com o ex-presidente da Nintendo, Satoru Iwata, manifestaram-se publicamente no Facebook e no Twitter sobre a morte do executivo. Confira alguns dos depoimentos no Drops de Jogos.

Foto: Divulgação/Montagem

Fabio "Fabão" Santana, que trabalhou em diferentes revistas de games e atualmente é relações públicas da Capcom, fez um emocionado relato sobre Iwata em seu Facebook. Veja o texto.

"A Nintendo publicou há pouco nota de falecimento de seu presidente Satoru Iwata, aos 55 anos, neste sábado, dia 11 de julho de 2015, em decorrência de um câncer no ducto biliar:

Aparentemente, Genyo Takeda (na Nintendo desde 1972, gerente geral da Integrated Research Division desde 1981, criador de Punch-Out! e Star Tropics e um dos líderes na criação do Wii) e Shigeru Miyamoto assumem as funções interinamente.
Estou genuinamente triste com a notícia. Satoru Iwata era não apenas um executivo carismático, amado pelos fãs da Nintendo, mas antes um designer e programador. Um líder versado na arte de criar jogos.

Iwata começou sua carreira ainda como estagiário na HAL Laboratory, enquanto cursava ciência da computação no Instituto de Tecnologia de Tóquio. Ao se graduar, entrou para a empresa definitivamente em 1983, onde ajudou a criar jogos como Balloon Fight, EarthBound e Kirby. Tornou-se presidente do estúdio em 1993. Hiroshi Yamauchi, terceiro presidente na história da Nintendo, certamente já pensando no plano de sucessão, chamou Iwata para assumir a divisão de planejamento corporativo da empresa em 2000. Quando Yamauchi se aposentou em 2002, Iwata se tornou o quarto presidente da Nintendo – o primeiro fora da família Yamauchi desde sua fundação em 1889.

Desde então, guiou a empresa por uma bem-sucedida estratégia de Oceano Azul com a introdução do Nintendo DS (último conselho direto de Yamauchi) e, depois, do Wii. Passou por um lançamento morno do 3DS, mas que foi corrigido relativamente rápido: o preço foi reduzido, grandes jogos vieram, Iwata assumiu a culpa e reduziu o próprio salário. Com o Wii U, veio outra plataforma que enfrenta problemas até hoje (acaba de atingir 10 milhões de unidades vendidas no mundo, mas ainda é o console doméstico menos vendido da empresa, beirando os 3 anos de idade). No entanto, Iwata vinha mantendo a empresa forte com suas marcas poderosas, com a febre dos amiibos e com um plano potencialmente sólido de entrar no mercado de smartphones sem pressa.

Iwata valorizava o legado de Yamauchi (falecido em 2013), de que a Nintendo era uma empresa de entretenimento, não necessariamente ou especificamente de videogames, e de que o diferencial da empresa era criar coisas que as outras não estavam criando. Mas injetou sua própria personalidade no comando da empresa, como nas sempre fascinantes sessões Iwata Asks, em que o executivo entrevistava os criadores de novos jogos — herança de sua formação profissional –, ou nas apresentações do Nintendo Direct, em que a empresa se comunica direto com o consumidor de maneira personalíssima.

Na minha primeira E3, em 2005, eu estava deslumbrado por estar perto de muitos dos meus ídolos da infância e adolescência, mas um momento em especial me é caro até hoje: ao final de um dos dias de evento, quando todos se dirigiam para fora do centro de convenções, eu me mantinha pelo estande da Nintendo com uma câmera na mão, na esperança de conseguir avistar um desses ídolos especiais. Para minha surpresa, com uma comitiva de engravatados, vi Satoru Iwata vindo em minha direção. Liguei rapidamente a câmera e soltei, meio desajeitado, um 'Hello, Mr. Iwata, say hello to Brazil'. Ao que o presidente reagiu, meio encabulado, com um 'Haro to Brazil'. A câmera não ficou comigo (acredito que o Pablo Miyazawa ainda tenha a gravação), mas a memória é minha para sempre.

Obrigado, Iwata-san, por criar e guiar tantos de nossos sonhos. Que você possa se reunir com Yamauchi-san, com Gunpei Yokoi e com outros lúmes do entretenimento que já se foram para continuar, de alguma maneira, planejando as formas como iremos nos divertir no futuro. Porque, no momento, fica a constatação de que amadurecer como indústria significa também passar pela dor da partida daqueles que trabalharam por esse crescimento". 

Pablo Miyazawa, atual editor do site IGN Brasil e ex-Nintendo World, fez uma nota curta no Twitter mas significativa sobre o executivo.

"Lembro da primeira aparição do Satoru Iwata em um evento da Nintendo em 2001. Parecia levar essa brincadeira de joguinho muito a sério".

Théo Azevedo, editor do UOL Jogos, lembrou no Facebook da influência de Iwata em aparelhos como 3DS e Wii, além dos jogos.

"Morreu jovem, mas deixou um legado fantástico".

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Indústria
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