Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.
Apresentador do Flow Games (e também do Flow Sport Club), Cross trocou o gênero do ator trans Elliot Page em uma fala com Phoenix. Isso tornou-se uma reportagem nossa. O Drops de Jogos recebeu um email com outras declarações e manifestações de Cross, que reproduzimos abaixo. As situações são narradas com prints, fotos e vídeos.
O Cross apaga algumas lives de vez em quando.
Em um trecho da live do dia 10 [de março], quando estava falando sobre o caso Raluca e questionando o seu gênero, até aí, ok, não sei nem como ainda tão tirando leite dessa treta, o ponto é que o Cross falou que pessoas trans não podem mudar biologicamente, o que além de não ter nada a ver com o assunto, é uma clássica frase para fomentar o tipo de público que ele nega ter.
— Pedro Zambarda (@pedrosolidus) March 13, 2025
Na mesma live também deu indiretas sobre cobrança com pronomes e pessoas que exigem que falem com elas como querem ser chamadas, dando um argumento sem o menor sentido com o cenário que ele descreve, porque alguém pediria pra você respeitar a identidade de gênero dela pra te amolecer e se aproveitar de você? Quê?
— Pedro Zambarda (@pedrosolidus) March 13, 2025
E por último, o mais triste, na live do dia 12, uma fã trans chamada Amanda mandou um Pix durante a live pedindo que algo fosse feito, para ele se posicionar sobre esses comentários. O chat começou a zombar da garota, obviamente sendo transfóbicos, a chamando de “Amando”, com o Cross repetindo e dando risada. Em nenhum momento ele pediu respeito ou aplicou algum tipo de punição, mesmo que na live do dia 10 ele tenha dito que pune quem passa dos limites, mas parece que para ele transfobia não é passar dos limites. Ele ainda fala as maiores baboseiras sobre como ele não é culpado, sendo que ela nem o culpou, ele continua não desarmando seu público, assim como em todas outras oportunidades que teve de minimizar os danos, o que contraria a própria fala sobre não ter culpa.
— Pedro Zambarda (@pedrosolidus) March 13, 2025
Além de tudo isso, em seu perfil no Twitter ele compartilhou uma postagem da página “Como Tanka o Bostil”, uma página conhecida por minimizar e debochar de casos de transfobia, racismo, violência contra a mulher (principalmente) e todo tipo de coisa, mesmo que no momento eles tenham pagado de moralistas (de forma estúpida), o Cross não é inocente, ele sabe a índole da página, é no mínimo notável o padrão de perfis que ele reposta.
O Cross ao chamar seu público para live usou “Transformers” para debochar da situação, mais tarde depois apagou o post. Como devem saber, “Transformers” é geralmente usado justamente para diminuir e debochar de pessoas trans. No caso dele, ele usou o termo de trocadilho com ‘transfóbico’.
Durante a live do dia 12, ficou utilizando um efeito de Transformer enquanto ouvia doações com deboches sobre pessoas trans e até reagiu a um vídeo, obviamente leigo, sobre mulheres trans no esporte.
O que não falta é o Cross dando visibilidade pra esse tipo de conteúdo, se você tiver forças o suficiente deve dar pra tirar muitas coisas duvidosas dessas lives, o público do Flow Games pode até não ser exatamente o mesmo público dele, mas ele é um rosto principal do grupo, não importa onde seja, o que ele fala e faz devia importar pro Flow Games. Durante a live do dia 10, ele reagiu ao vídeo do Gigante Richard sobre a treta, transmitiu para todo mundo um vídeo que chama as questões trans de “imorais, mesmo que sejam protegidas por lei”, faz provocações e em nenhum momento reconhece seu erro.
Outro lado
O Drops de Jogos entrou em contato com o Grupo Flow. Encaminhamos essas perguntas:
1 A declaração do Cross foi acidental? Se foi, o Flow Games pensa em fazer algum tipo de retratação?
2 Vocês estavam cientes que isso está viralizando há alguns dias?
3 Tem algo que eu não perguntei e vocês gostariam de acrescentar?
O Grupo Flow nos retornou que está elaborando uma resposta.
Até agora não recebemos uma manifestação do Flow.

Cross. Foto: Reprodução/YouTube/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.