A revelação foi um fato novo, porque Renato Degiovani projetou o site pago TILT Online desde 1996 e, desde então, transformou o espaço na sua plataforma de comercialização de games. Na opinião dele, esse espaço restrito e monetizado provocou problemas com a comunidade online que perduraram até 2005, pelo menos. "Fui expulso de fóruns de programadores, de desenvolvedores e até de jornalistas", disse ele na entrevista.
Degiovani também foi editor por 13 anos da revista Micro Sistemas, uma das piorneiras em informática no Brasil desde os anos 80. Foi naquele espaço que ele divulgou seus primeiros games e teve acesso às tecnologias. Confessou que não gosta de games para consoles e nem tem interesse em desenvolvimento em tais plataformas, mas os computadores, do MSX até os Windows, despertam o foco do seu trabalho.
"O problema é que se você pegar a lista dos 100 maiores jogos no Steam, não há um único brasileiro. Não acredito que temos deficiências entre os nossos desenvolvedores, nem contesto a qualidade dos nossos games, mas estamos fazendo algo errado ao decidir por determinados formatos", criticou Degiovani. Para ele, nem todo jogo deveria ir diretamente para a loja da Valve, nem todo game deveria ser em inglês e muitos elementos da nossa cultura poderiam ser incorporados aos videogames.
Não por acaso, o jogo comercialmente mais bem-sucedido dele lida com um tema da política nacional que ocupou o noticiário dos 12 anos de governos do Partido dos Trabalhadores.
O que foi o chamado "Escândalo do Mensalão"?
O mensalão foi um suposto esquema de propinas pagas via mesadas para deputados que se tornaram a base aliada do PT em seus governos. O escândalo veio a tona com uma entrevista do deputado Roberto Jefferson à jornalista Renata Lo Prete, titular da coluna Painel do jornal Folha de S.Paulo em 2005. O assunto se tornou pauta na grande imprensa, sobretudo na revista Veja da editora Abril. As propinas teriam envolvimento do ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, e do presidente do PT na época, José Genoino.
O caso foi julgado e televisionado pelo Supremo Tribunal Federal em 2012. Dirceu, Genoino e outros políticos e publicitários foram condenados por crimes como formação de quadrilha e corrupção. O caso suscita discordâncias porque o relator no STF, o ex-ministro Joaquim Barbosa, teria condenado os réus baseado no argumento jurídico da "Teoria do Domínio do Fato", sem ter que provar todos os indícios de crime. Outro aspecto contraditório no processo é que o relatório da Polícia Federal apontou formação de "Caixa Dois" do PT, ou seja, financiamento não contabilizado da campanha presidencial. Esse crime não seria o mesmo das propinas para a base aliada do primeiro governo Lula.
Confira a entrevista de Degiovani abaixo
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