Quem nunca ficou puto/a ao tomar o chá de cadeira infinito naquela visita a um cartório, consulado, ou órgão de serviços públicos? E ligar para o atendimento telefônico da sua provedora de Internet, então? Afff, dá nervoso só de escrever. Ainda mais depois que colocaram a gravação daquele cara simpaticão que fala como se fosse seu brother do colégio: “Olá! Eu sou o Eduardo, seu atendente virtual”. Cala a boca e me passa para um atendente humano, Eduardo! Aí ele faz aquele barulhinho de digitando no teclado “tec-tec-tec”. Argh! E o pior: na maioria das vezes, você digita mil dados e, quando cai no atendente, tem que falar tudo de novo e confirmar N informações. Ou seja, burocracia burra.
Será que você está criando Eduardos no seu negócio? Confira aqui alguns sintomas que caracterizam a burocracia no trabalho – e fuja deles!
1. Excesso de reuniões
Não ache que é porque você se dá esse nome cool, "Start Up", que problemas de empresas grandes e nada enxutas não vão te afetar. O excesso de reuniões é um deles. Quantas horas por semana você passa em reuniões? Quantas dessas reuniões são produtivas? E principalmente, quantas dessas reuniões realmente requerem sua presença? Será que não podiam ser feitas por sua equipe, e você só ser informado das decisões?
2. Muuuuuuitos e-mails para tomar uma decisão
Email vai, email vem, e o problema segue pendente. É o que chamo de Síndrome da Decisão Digital: Os profissionais estão lentamente perdendo a capacidade de se comunicar interpessoalmente, e ficam se escondendo atrás de e-mails cada vez mais longos, aquelas paredes de texto que zzzzzzzzz…. não deixe isso ocorrer na sua empresa! Na Flux, se duas trocas de email não resolvem algo, é hora de chamar a pessoa ao vivo ou no telefone e resolver de vez. Sem burocracia, sem enrolação, sem textos gigantes, sem falhas de comunicação.
3. Excesso de aprovações
Se você, fundador ou sócio da startup, se vê tendo que aprovar compra de caneta bic e papel sulfite para sua empresa, tem algo errado. É preciso delegar e dar autonomia à sua equipe. Se você não confia na pessoa, ela não deveria nem estar no seu time para começo de conversa. Então trate de dar às pessoas o que elas precisam para desempenhar suas tarefas sem que você precise ficar de babá.
4. Insegurança de equipe
Às vezes, mesmo que o chefe dê autonomia para membros da equipe tomarem decisões, o resultado não é o desejado. O motivo disso costuma sempre passar pela insegurança. Insegurança gera burocracia, ela é uma grande inimiga! Passe a confiança aos funcionários quantas vezes forem necessárias para a) a pessoa passar a resolver as coisas ou b) você perceber que precisa trocar de pessoa. E mantenha a insegurança, e sua irmãzinha burocracia, longe do seu dia-a-dia.
5. Equipe sem visão geral
Sabemos que quem tem a visão clara do negócio é o empreendedor. No entanto, quanto mais conseguir deixar a equipe na mesma página, menos burocracia será gerada. Às vezes, um profissional não consegue tomar uma decisão por não saber exatamente como aquilo se encaixa na estratégia de médio e longo prazos da empresa – e é papel do líder fazer com que todos saibam qual é essa estratégia. Um profissional alinhado consegue contribuir infinitamente mais para a execução daquela estratégia.
Existem muitos pequenos hábitos que geram burocracia desnecessária na rotina profissional. É fundamental nunca perder a visão crítica de que todos processos estão em melhoria contínua. Então aquele jeito de fazer algo que funcionou no primeiro semestre da sua empresa pode não fazer mais sentido. Acabe com ele! Inove! Dê uma bicuda na burocracia, e torne os dias de todos na sua empresa mais produtivos, agradáveis e felizes.
Paulo Luis Santos é colunista do site Drops de Jogos no espaço Game Startup, com textos quinzenais sobre negócios, economia criativa e desenvolvimento. Ele é empreendedor, game designer, músico e professor. Fundou, em 2012, o Flux Game Studio, empresa paulistana de desenvolvimento de games autorais e sob encomenda que conquistou clientes multinacionais como Ambev, Banco Bradesco, McDonald's e a publicadora global 505 Games. Com dezenas de pessoas na equipe e mais de 45 projetos de game e gamificação finalizados, a empresa investe também na criação de novas Propriedades Intelectuais e já conquistou dois prêmios brasileiros de desenvolvimento de games educativos com sua abordagem de diversão em qualquer jogo. Diretor de Comunicação e Marketing da ABRAGAMES, é também jornalista pela ECA-USP, pós-graduado em Desenvolvimento de Games pelo Senac-SP e especialista em Gamificação. Atua no mercado de jogo digitais desde 2009, com passagens por grandes empresas de desenvolvimento e de publicação do Brasil, como Level Up! Games e Aeria Games.
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