Analisando os dados do mais recente relatório anual do Pornhub, o Drops de Jogos entendeu que o mundo todo prefere vídeo pornô de desenho no lugar de gente de verdade, que o brasileiro é adepto da “p*nheta remunerada“ (até porque não demora muito pra finalizar a tarefa mesmo), e que o gamer não apenas tem um fetiche de longa data com Chun-Li (Street Fighter) e Lara Croft (Tomb Raider), como prefere ver seu pornozinho pelo PlayStation.
Confesso que fiquei bastante intrigada quando me deparei com o gráfico abaixo:
(Créditos: Reprodução/Pornhub Insights)
Enquanto buscava explicações para o domínio esmagador dos consoles da Sony quando o assunto é tirar as mãos do controle para segurar “outra coisa” ou apertar “outros botões”, me perguntei se os Xbox sempre foram preteridos nestes momentos mais íntimos dos gamers (e eu que estava por fora), ou se essa discrepância no gráfico de 2024 era mesmo algo surpreendente. Decidi conferir no Pornhub Insights os relatórios anteriores, já que o site disponibiliza estatísticas desde 2017 — com exceção de 2020, ano em que explodiu uma polêmica relacionada a vídeos amadores não autorizados, deu ruim, e a plataforma tirou os dados do ar.
E, bem, eu não estava com a pulga atrás da orelha à toa: de fato, os consoles da Microsoft despencaram em popularidade entre os gamers que ficam com fogo no c* enquanto jogam. Reuni os dados todos no gráfico abaixo, para facilitar a nossa vida. Vejam que até 2021 os Xbox vinham subindo no índice de preferência, ainda que sempre abaixo do percentual dos PlayStation. Mas alguma coisa mudou em 2022 e, de lá para cá, foi ladeira abaixo:
(Créditos: Drops de Jogos)
Certamente existiriam explicações razoáveis para este cenário, e então eu pedi ajuda dos universitários (piada com jargão do Show do Milhão já é coisa de velho, ou ainda tá podendo?) para descobrir a resposta. Estou falando de Rafael Silva, jornalista veterano com quem tive o deleite de trabalhar como sua editora há alguns anos e que, agora no Drops, aproveito o privilégio de mais uma vez contar com sua mente genialmente peculiar em pautas cabeludas (ou de mão peluda?) como esta.
A partir de agora, quem assina esta matéria é o Rafa. Continuem a leitura, pois eu garanto que vale a pena — vocês concordando com as conclusões do jornalista, ou não.
Por que o PlayStation é melhor que o Xbox para ver safadeza?
A nossa coordenadora editorial Patricia Gnipper chamou as big guns (eu) para analisar as pistolinhas dos gamers. Digo, analisar os hábitos dos fãs de games em relação ao console de escolha (não confundir console com consolo, por favor) e também suas preferências de personagens de games e do entretenimento para inspirar suas p*nhetagens. E abaixo destrincho as conclusões que eu tirei analisando os dados do Pornhub.
Em um primeiro momento, nada ali me pareceu interessante por si só: em 2024, os acessos vindos de consoles PS4 e PS5 foram muito maiores do que os originários dos consoles Xbox, o que me pareceu pertinente — afinal, os videogames da Sony venderam muito mais do que os da Microsoft nas últimas duas gerações —, e os acessos vindos de outros consoles foram estatisticamente irrelevantes. Mas, ainda que num primeiro momento nada disso me chamasse a atenção, um olhar mais atento revelou algo como aquelas tatuagens temporárias de “Se pagar eu dou” para se fazer “xana” — algo que não é necessariamente sexy, mas que é tão estranho que você não consegue tirar o olho depois que vê.
Uma dessas “tatuagens” é que a porcentagem de pessoas que acessaram o Pornhub via consoles Xbox em 2024 foi incrivelmente baixa (apenas 4,9%). Quando vemos um gráfico desse tipo, o esperado é que a porcentagem de acessos siga mais ou menos a quantidade de consoles vendidos, se colocássemos ambos os dados num gráfico com uma linha de evolução em destaque. Sabemos que o PS4 vendeu um pouco mais que o dobro de consoles que o Xbox One (117 milhões contra 58 milhões, respectivamente) e, para os Xbox Series, na única vez que a Microsoft divulgou os números de vendas (porque foi obrigada no processo de compra da Activision/Blizzard), vimos que essa mesma proporção se mantinha em comparação com as vendas do PS5. Ou seja, em ambas as gerações o videogame da Sony vendeu próximo do dobro de cópias em relação ao console da Microsoft.
Se considerarmos que os acessos por consoles que não são de nenhuma dessas empresas são estatisticamente irrelevantes no Pornhub (apenas 0,1% dos acessos totais neste ano), podemos considerar que 100% dos acessos via console que o Pornhub recebeu vieram de pessoas utilizando um PlayStation ou um Xbox, então logicamente essa proporção de acessos deveria seguir mais ou menos a mesma proporção de consoles vendidos. Fazendo uma “conta de padaria” aqui, essa proporção deveria ser algo entre 15% e 20%.
Ainda que esse meu cálculo seja bem sem-vergonha, a diferença que vemos no gráfico do Pornhub é tão abaixo da proporção calculada que deve haver alguma explicação no mínimo instigante para tudo isso. E eu não acho que a explicação seja nada como “os jogadores de Xbox são mais castos”, porque eu já tenho experiência suficiente nessa indústria pra saber que não importa qual seja seu console preferido, quase todo mundo é p*nheteiro igual.
(Créditos: Drops de Jogos)
Uma possibilidade pode estar na diferença que existe na facilidade (ou falta dela) de se acessar o histórico de navegação nos consoles. No PS4 e no PS5, a única forma de acessar esse histórico é entrando no browser dentro do próprio console e acessar uma das piores interfaces já desenvolvidas para um navegador de internet, à procura pelo menu de opções onde tem o item “acessar histórico de navegação”.
Já no Xbox, se o console tiver sido configurado como “conta família”, semanalmente o dono da conta (na maioria das vezes o pai ou mãe do jovem usuário) recebe um e-mail expondo tudo que o jogador fez naquela semana, desde o tempo dedicado pra cada jogo até quais sites ele acessou pelo videogame. Então, imagino que só isso já atrapalha a bronha de muita gente.
Mas somente esta possibilidade não me satisfez, e aí pensei em outro número que chama a atenção nos dados do Pornhub: a queda de 70% de acessos via Xbox na comparação com o ano passado. E considerando que o acesso por consoles PS5 cresceu “apenas” 49% (e que uns 16% desses vieram dos usuários de PS4 que trocaram de console), não dá pra dizer que todo esse tráfego que era do Xbox apenas migrou para o PS5 porque as pessoas trocaram para o console mais popular. Mesmo considerando que os outros 33% de crescimento de acessos do PS5 são de ex-donos de Xbox, pra onde foram os demais 37% que pararam de abrir o Pornhub pelo Xbox?
Bom, é aqui que a gente precisa lembrar da nova estratégia de marketing da Microsoft, que tem como objetivo não mais vender consoles Xbox, focando na venda de assinaturas do GamePass. Essa estratégia culminou na mais recente campanha de marketing da empresa, reforçando que “tudo pode ser um Xbox”, e convencendo os jogadores de que é possível jogar seus títulos prediletos direto no PC, em um tablet ou na TV sem a necessidade de um console. E, se o console virou um acessório e não mais o hub principal para acessar os jogos, não faz sentido o gamer ligar seu videogame apenas para ver pornografia na internet.
Então a minha hipótese é que a maior parte desses 70% que deixaram de acessar o Pornhub pelo Xbox continuam acessando o site, mas por outros meios, como celular, computador e TV. Infelizmente, o número de jogadores Xbox provavelmente é estatisticamente irrelevante para fazer qualquer mudança percentual visível na quantidade de acessos por PC ou dispositivos móveis, mas, assim como agentes de uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível), eles estão lá até mesmo quando ainda não há sintomas visíveis.
Os jogos mudam, mas os gamers não
Observe agora o gráfico de jogos de videogame mais pesquisados em 2024 no Pornhub:
(Créditos: Reprodução/Pornhub Insights)
E aqui veja o índice de personagens de videogame mais buscados do ano na plataforma pornô:
(Créditos: Reprodução/Pornhub Insights)
Quanto a isso, seguem algumas considerações:
- Mesmo que você desenvolva todo um universo de jogo que parece ter sido criado para facilitar o desenvolvimento de conteúdos baseados na regra 34 da internet, o seu paraíso das waifus (Genshin Impact) ainda vai ficar atrás nas pesquisas pornô do jogo que é o mais popular de todo o ocidente (Fortnite)
- Considerando o quanto Baldur’s Gate 3 ainda foi popular em 2024 — e de ser um jogo com altas doses de erotismo —, o fato de ele estar tão abaixo nas buscas deve ser um reflexo de o próprio jogo já ter cenas de nudez e sexo como parte de sua gameplay. Para que recorrer ao Pornhub se o jogo já te permite ser chupado por um vampiro, transar com uma versão turbinada da fantasia de diaba de sex shop, ou então satisfazer todos os desejos de furry escondidos no fundo da sua alma ao engatar um romance com um druida que vira um urso de 3 metros de altura e 500kg na cama?
- Among Us aparecer no Top 30 de jogos mais procurados num site pornô me faz ficar exatamente igual a esse meme:
- Chun-Li, Lara Croft e Tifa na lista de mais procurados (ainda): a santíssima trindade de personagens de games sexualizadas se mantém no topo das buscas do Pornhub (e não me espantaria nada se essas 3 fossem o topo das buscas por personagens de videogame desde a criação do site)
- O usuário básico que busca pornografia com personagens de videogames tem um padrão muito específico: corpos femininos, de preferência dentro do padrão (magros e cheios de curvas). Apenas três personagens do top 30 fogem disso: Sonic (para os chegados num furry), Slime (para os monster fuckers) e Mario (que aparentemente ainda está comendo muita gente atrás do armário). Então quando alguém na internet te apontar o Kratos bombadão e vier com aquele papo de “objetificação masculina”, você pode provar com dados que o único homem de videogame que tem alguma procura relevante no Pornhub é um gordinho bigodudo
Resumindo: o perfil do gamer-descascador-de-banana é, no âmbito geral, um usuário de PlayStation que tem fetiche com a Chun-Li. No fim das contas, é a mesma pessoa que ficava apertando pause no Street Fighter 2 no momento exato daquele golpe em que dava pra ver a calcinha branca da lutadora que ostenta um corpo curvilíneo e pernas musculosas.
Super-heróis: domínio total até no cinema pornô
Encerrando a análise deste “recorte do entretenimento” na imensidão de estatísticas de 2024 gentilmente compartilhadas pelo Pornhub, veja este gráfico sobre a busca por personagens do cinema e filmes em geral, que também revela insights bem interessantes:
(Créditos: Reprodução/Pornhub Insights)
Minha primeira conclusão é as salas de cinema não foram as únicas dominadas pela “IP Culture” (filmes baseados em histórias de super-heróis, livros de sucesso e franquias conhecidas que parecem nunca chegar ao fim). De todo o top 30 dessas pesquisas feitas no PornHub, apenas Magic Mike é algo que não se encaixa naquilo que hoje chamamos de “IP Culture em Hollywood”
Meu segundo e último pensamento aqui é que, ao contrário do que vemos no gráfico com as buscas por videogames (quase todo composto por personagens femininas), aqui há um equilíbrio maior: há oito personagens femininas contra dez personagens masculinos no top 30 das pesquisas por filmes — mas exclua desta conta Harry Potter, Shrek e Magic Mike, pois não dá pra saber se esses termos se referem aos personagens em si ou às suas franquias como um todo.
Essa comparação deixa ainda mais gritante uma divisão que existe no consumo de pornografia entre os públicos feminino e masculino: ainda que o Pornhub seja sim bastante acessado por elas, são eles quem mais pesquisam por videozinhos sexualmente explícitos estrelando personagens fictícios com características físicas sem relação alguma com corpos humanos reais. E isso significa… bom, deixo para vocês chegarem às próprias conclusões (e julgamentos) a respeito.
*Rafael Silva é jornalista desde 2017. Cresceu lendo revistinhas de videogame, entrou numa noia quando percebeu que o “jornagames” ainda era feito para adolescentes que só tinham interesse de discutir qual console era melhor, e agora está numa missão de vingança para resolver isso com as próprias mãos.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.