2024 deverá mesmo ser o ano mais quente já registrado desde o período pré-industrial. Na verdade, dizer que “deverá ser” é amenizar a situação: já é certo que 2024 vai ser o ano mais quente da história.
Quem afirma isso com convicção é Samantha Burgess, diretora adjunta do Copernicus (programa europeu de observação da Terra), em comunicado divulgado na segunda-feira (9):
“Com os dados do Copernicus do penúltimo mês do ano, agora podemos confirmar com certeza virtual que 2024 será o ano mais quente já registrado e o primeiro ano acima de 1,5°C [de aquecimento]”, afirma, fazendo referência ao aumento da temperatura média da Terra em comparação com o período pré-industrial — ou seja, de 1850 a 1900.
O relatório traz dados mais do que preocupantes sobre a realidade climática do planeta. Na verdade, é quase que uma sentença fatal. “Quase”, entre aspas, pois apesar de parecer improvável, ainda é possível que uma força-tarefa global e sem precedentes salve a Terra de uma espécie de apocalipse climático.
Novembro de 2024 foi o 16º mês, em um intervalo de 17, registrando temperaturas médias globais acima de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Este limite diz respeito ao máximo de aquecimento global razoável para se evitar uma catástrofe climática irreversível. Se (ou quando) ultrapassado, o ponto de inflexão — aquele a partir do qual não há mais retorno — fica “logo ali”. É o que consta no Acordo de Paris, tratado internacional estabelecido em 2015 com o objetivo de manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, limitando-o a 1,5ºC — nível que 2024 vai desrespeitar pela primeira vez
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Contudo, é importante saber que essa média de aquecimento superior a 1,5ºC precisa ser registrada por ao menos duas décadas para se considerar, oficialmente, um limite ultrapassado. Ou seja: 2024 é o primeiro ano em que isso acontecerá, então a humanidade ainda tem 19 anos para reverter a situação. Então, “isso não significa que o Acordo de Paris foi violado; significa que uma ação climática ambiciosa é mais urgente do que nunca”, ressalta a diretora do Copernicus.
Hoje, o aquecimento global está em 1,3ºC, considerando esse período de 20 anos de registros contínuos. Caso o aumento na temperatura média da Terra não seja revertido — ou ao menos estabilizado —, o limite de 1,5ºC de aquecimento global deve ser oficialmente superado em algum momento entre os anos de 2030 e 2035.
Estudos recentes já indicavam que a emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa precisa cair mais de 40% até 2030 para “salvar” o planeta deste cenário irreversível. Por exemplo, o Relatório Sobre a Lacuna de Emissões 2024 mostrou que, se os países que assinaram o Acordo de Paris cumprissem imediatamente os termos do tratado, a elevação da temperatura da Terra ficaria em 2,6ºC até 2030 — muito acima do estabelecido. Mais preocupante ainda, se nada mudar e o mundo apenas seguir como está, esse aquecimento será de 3,1ºC dentro desses poucos anos.
Bom, é como diz aquela música da Marília Mendonça… “ninguém vai sofrer sozinho; todo mundo vai sofrer”.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.