Do Jornal da USP. Uma parceria entre o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), o Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão (C2PO) da USP e o Instituto Mauricio de Sousa resultou no lançamento da edição especial da Revista Turma da Mônica Jovem sobre a importância da vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV), grupo de vírus que está associado ao desenvolvimento de cânceres, como o de colo do útero.
A publicação educativa foi lançada no Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro, e está disponível para download gratuito após preenchimento do formulário neste link.
A história narra a iniciativa da jovem Mônica e sua turma de amigos que, após uma excursão do colégio ao Icesp, onde assistiram a uma palestra sobre a infecções pelo HPV e sua relação com o desenvolvimento de cânceres decidem disseminar aos moradores do bairro informações sobre o tema com o propósito de reforçar a vacina como uma das formas de prevenção.
Inicialmente, a revista será disponibilizada no site no formato digital e seu acesso será gratuito para o público em geral. Futuramente, o projeto pretende firmar parcerias com escolas do município de São Paulo por meio da capacitação dos profissionais para a discussão sobre o tema em salas de aula.
Segundo o professor titular da FMUSP e coordenador do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Icesp, Roger Chammas, a ideia do projeto surgiu para ampliar a comunicação sobre a segurança da vacinação.
“A parceria com o Instituto Mauricio de Sousa foi estratégica para criar um material lúdico para jovens de 9 a 14 anos, público-alvo da cobertura vacinal contra o vírus no País. Além disso, buscamos capacitar professores da rede pública para discutir o tema nas escolas e, assim, contribuir para que crianças e adolescentes sejam replicadores de informação qualificada”, afirma.
Para o coordenador do grupo de trabalho de educação e comunicação do Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão (C2PO), Guilherme Andrade Marson, o projeto contribui para a disseminação de conteúdos de qualidade para o maior número de pessoas, principalmente em um cenário em que a desinformação tem se tornado cada vez mais forte na sociedade. “Ao pensarmos no exercício do direito à saúde, precisamos reforçar cada vez mais a informação correta como fator fundamental para prevenir algumas doenças. Nós temos um produto desenvolvido com a expertise de instituições como o Icesp, junto ao C2PO e o Instituto Mauricio de Sousa, e assim promover ações efetivas para a prevenção de alguns tipos de cânceres”, comenta.
De acordo com a chefe do Laboratório de Pesquisa e Inovação em Câncer do Icesp, a professora Luisa Lina Villa, a vacinação e a realização de exames preventivos, como o Papanicolau, são fundamentais para reduzir os casos de cânceres associados ao HPV. Apesar disso, as taxas de vacinação e rastreamento no Brasil ainda são insuficientes. “Notamos a necessidade de novas formas de comunicação com o público mais jovem para esclarecer sobre o que é o HPV, quais doenças ele causa e as formas de prevenção, com ênfase na vacina. Com este projeto, esperamos que por meio do conhecimento e a ampliação da vacinação seja possível reduzir as infecções e os tumores causados pelo vírus”, reforça.
O que é o HPV?
O HPV é um vírus que atinge homens e mulheres e até o momento foram descritos mais de 200 tipos virais. Este vírus pode infectar pele e mucosas, e sua principal forma de transmissão é por meio da atividade sexual. Mais raramente, pode ser transmitido pelas mãos, objetos íntimos e roupas de uso pessoal contaminados. Além disso, a transmissão de mãe para filho, durante o parto normal, também é possível.
A prevenção primária (por meio da vacinação contra o HPV) e a prevenção secundária (realização de exames preventivos ginecológicos de rotina, como o exame de Papanicolau) são de extrema relevância para a diminuição de alguns tipos cânceres, como, por exemplo, o de colo uterino.
A importância da vacinação
A melhor maneira de se prevenir contra as infecções causadas pelo HPV continua sendo a vacinação. Desde 2014, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza, gratuitamente, a vacina quadrivalente, que protege contra quatro tipos diferentes de vírus, dentre os quais estão os tipos 6 e 11, responsáveis por 90% das verrugas genitais, e 16 e 18, causadores de 70% dos cânceres de colo do útero e uma proporção significativa dos tumores em outros locais do corpo.
As vacinas são aplicadas em duas doses para meninos e meninas de 9 a 14 anos e também em três doses para homens e mulheres de 9 a 45 anos que vivem com doenças imunossupressoras, como indivíduos que convivem com o vírus HIV, portadores de lúpus, pacientes com câncer e/ou em tratamento com radioterapia e quimioterapia, pessoas transplantadas com órgãos sólidos e medula óssea e também para pessoas que sofreram violência sexual.
Além disso, o uso de preservativos é considerado uma prática de proteção importante, mas parcial, no controle da transmissão do HPV. Contudo, seu uso é altamente recomendável por ser muito eficaz na prevenção de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), em todos os tipos de relações. Uma boa higiene da genitália, das mãos e de objetos de uso íntimo, também contribui para minimizar o risco.
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Personagens da Turma da Mônica falam sobre a importância da vacina contra o HPV – Foto: Reprodução/Revista Turma da Mônica Jovem
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