Bastaram dois passos na entrada para a memória de longa data (conhecida por rom) baixar imagens das famosas feiras internacionais de informática (Riocentro anos 80) e fenasofts (Anhembi anos 90). No mais tradicional estilo feira é feira, a BGS 2018 mostrou-se à altura do que propôs: ser o maior evento de games da América Latina. E não podemos esquecer que o país está mergulhado em uma crise econômica e política sem precedentes.
O conjunto da obra está no ponto: stands bonitos, boa distribuição do espaço (nem apertado nem folgado) e aquilo que é a alma das feiras: coisas geeks e nerds para consumir (tenho certeza que vi minha futura cadeira gamer lá). É pra isso que a gente vai em feiras.
Para além dos Xboxes e Playstations de praxe, muita coisa bacana está acontecendo no local, como apresentações rápidas, jogos para testar, palestras, debates, competições, etc. Raro ver um stand sem interessados ao redor, sem contar os cosplays que circulam dando um colorido todo especial ao evento.
O único "mas…" eu credito à avenida indie br. Já passou da hora da rapaziada mostrar o seu valor no quesito básico: vender o peixe, digo, o game. Temos excelentes produtos desenvolvidos aqui, temos uma "militância indie" forte, que atua na área de editais e incentivos governamentais, temos algumas empresas que de fato tem potencial para desenvolver uma indústria. Ficou faltando aquele pique que responde por 60% dos negócios: a venda final ao consumidor e com ela toda a elegância de fazer bonito onde todos os outros participantes já estão fazendo.
A sofrência indie br não deve ser vista como uma característica natural do meio mas como um elemento desafiador. A menos que toda a criatividade dos devs esteja sendo gasta para fazer os jogos, o que é um tremendo equívoco.
Em tempo: circulei pela feira no dia 11, das 14hs até às 22hs e o tempo todo esbarrei com amigos (novos e velhos). Muito mais do que imaginei que poderia encontrar, dado o tamanho do evento. Valeu o esforço e deixo aqui meu agradecimento especial ao Marcelo Tavares pelo convite.
Renato Degiovani é o primeiro game designer de jogos digitais, desde 1981. É colunista do site Drops de Jogos no espaço DEV.LOG, com textos regulares sobre sua experiência de décadas. Foi o desenvolvedor do jogo Amazônia, é conhecido na comunidade nacional do aparelho MSX, editou a revista Micro Sistemas e é responsável pelo espaço TILT Online.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.