A motivação também não importa muito. Digamos que um amigo recomendou: "Vê aí o jogo X". "É brasileiro e o pessoal que fez o jogo tá matando a pau". De fato você viu o release, achou maneiro e o preço não assustou. Então, por que razão não apoiar os brazucas envolvidos na produção?
A pergunta de um milhão de dinheiros aqui é: Onde eu compro? Se responder no Steam, já sacaneou o experimento. Vamos pelo caminho mais longo: O game nacional tem uma página "oficial"? Nela tem algum link para comprar/pagar? Link pra alguma loja onde comprar?
Nada? Então vamos para o modo procura: Ele está nas lojas nacionais criadas para vender exclusivamente jogos produzidos aqui? A lógica aqui é válida: As lojas concentrariam a totalidade da produção nacional e com isso ficaria muito mais fácil encontrar, promover, tornar conhecido e vender os jogos.
Mas, e aqui esbarramos num grande entrave: Tais lojas também são produtos. Então, se não sabemos onde ficam ou como chegar até elas, complica, não é? E não apenas isso, porque a mecânica funcional de uma loja é parceira do comércio varejista, com ênfase em um nicho específico que precisa, entre outras coisas, de uma atenção especial na divulgação. Se a loja não se vende bem, como vai ser eficiente na venda dos jogos?
Sobrou pra Steam… Só que entrar na Steam é como ir numa mega store e o perigo ali é desviar a atenção e encontrar outras coisas de maior interesse. Principalmente quando falamos das promoções especiais com preços de tirar o chapéu. Sem contar que nessas lojas você encontra dúzias de games similares. Um é mais chamativo que o outro…
No final das contas, talvez seja verdade que brasileiro não compra jogo brasileiro. O motivo implícito não seria a suposta falta de qualidade dos mesmos e sim o fato de que, por mais que a pessoa queira comprar um, se for muito difícil encontrar na rede, a chance da "conversão" se dispersa facilmente.
Afinal, como diz o ditado popular, vontade é uma coisa que dá e passa.
Renato Degiovani é o primeiro desenvolvedor de jogos brasileiro, desde 1981. É colunista do site Drops de Jogos no espaço DEV.LOG, com textos regulares sobre sua experiência de décadas. Foi o desenvolvedor do jogo Amazônia, é conhecido na comunidade nacional do aparelho MSX, editou a revista Micro Sistemas e é responsável pelo espaço TILT Online.
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