De acordo com inúmeros documentos levantados pela Forward, existe um plano da Heritage Foundation para identificar editores anônimos da Wikipédia. Essa identificação seria o primeiro passo de um plano para atacar essas pessoas e tentar “forçar” a Wikipédia a seguir a agenda cultural da fundação. A Foward é uma empresa de mídia sem fins lucrativos, e tem como objetivo ser um veículo independente para investigar e discutir sobre assuntos de interesse da comunidade judaica nos EUA.
Os documentos apontam que a instituição planeja utilizar softwares de reconhecimento facial junto com os dados hackeados de nomes de usuário e senhas para identificar quem são as pessoas que editam a Wikipédia. O objetivo do plano após identificar essas pessoas é taxá-las de “antissemitas”, mas a Forward não encontrou nada no documento que explique o que seria esse suposto “antissemitismo” que os editores estariam praticando.
Este plano teria sido enviado para diversas instituições e organizações judaicas apoiadoras do Projeto Esther, que tem como objetivo tornar o antissionismo e o antissemitismo a mesma coisa. A projeto também pede para que esses grupos criem contas falsas de usuários da Wikipédia para tentar enganar os editores a clicar em links maliciosos, ou então convencer eles a fornecer informações pessoais que possam auxiliar na identificação.

Um trecho do manual escrito pela Heritage Foundation obtido pela Forward, que mostra a metodologia sugerida para fazer a identificação de editores anônimos da Wikipédia (Créditos: Forward)
Extrema-direita, Wikipédia e Israel
Para quem não sabe, a Heritage Foundation é um think tank da extrema direita que foi um dos grandes apoiadores da campanha do presidente Trump. Ela é conhecida por ter produzido o Projeto 2025, um manual de “promessas de campanha” para uma segunda administração Trump. Este manual incluia não apenas uma política massiva para a deportação de imigrantes, mas planos elaborados para desestruturar toda a administração pública dos EUA, substituindo funcionários de carreira por “pessoas de confiança” nomeadas pessoalmente por Trump e seus seguidores.
A Forward aponta que, recentemente, a Heritage Foundation tem trabalhado para aproximar ideologicamente os conceitos de sionismo e judaísmo, e acusar de antissemitismo os críticos do sionismo é uma das ferramentas mais comuns usadas pelo think tank.
No caso da Wikipédia, essa preocupação pode ter surgido após algumas mudanças recentes na enciclopédia online. Uma delas foi o fato de um painel de editores do site ter declarado que a Anti-Defamation League (uma organização não-governamental com sede em Nova York, e que é abertamente defensora do regime Netanyahu e da agenda sionista) não é uma fonte de informação confiável sobre o conflito entre Palestina e Israel. Outro ponto polêmico foi o fato de o artigo sobre sionismo na Wikipédia ter sido modificado para adicionar referência ao conceito de “colonização”.
Recentemente a Wikipédia também foi alvo de Elon Musk, que chamou o site de “Wokepedia” e pediu para que seus seguidores parassem de fazer doações para manter a enciclopédia funcionando. Supostamente, o bilionário não teria gostado de uma edição feita no artigo sobre ele, onde foi adicionado o gesto de saudação nazista que ele fez durante a cerimônia de posse do presidente Trump.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.