Nesta segunda (14) a Nvidia anunciou que irá começar a fabricar seus chips e supercomputadores desenvolvidos especificamente para aplicações de inteligência artificial dentro dos EUA. Esta será a primeira vez que estes componentes passarão a ser fabricados dentro do país.
De acordo com o comunicado da empresa, os chips de IA serão fabricados na sucursal de Phoenix (Arizona) da TSMC. Já os supercomputadores serão montados em parceria com a Foxconn de Houston e a Wistron em Dallas, ambas no estado do Texas.
O comunicado ainda diz que a produção de chips em Phoenix já se iniciou, mas que ainda devem demorar de 12 a 15 meses para que a linha de produção esteja operacional o suficiente para desenvolvê-los em grande escala.
Além disso, a Nvidia também anunciou que esta empreitada também está sendo feita em parceria com Amkor e SPIL, que ajudarão nas questões de testes e embalagem dos produtos fabricados nos EUA.
Ainda segundo a Nvidia, espera-se que essa parceria produza meio trilhão de dólares em produtos para a infraestrutura de tecnologia de IA dentro dos EUA.
Isto quer dizer que o “tarifaço” de Trump funcionou? Afinal, a empresa que domina a infraestrutura de IA do mundo vai começar a fazer seus projetos nos EUA.
Não necessariamente.
Primeiro, que pode ter certeza que essa decisão de passar uma parte da produção para os EUA não foi tomada nas duas últimas semanas. Tudo bem, pode ser que o “tarifaço” tenha acelerado essa decisão, mas eu aposto que essas conversas começaram láááá em 2022.
Isto porque foi em agosto de 2022 que o então presidente Joe Biden assinou o chamado “Chips and Science Act”, uma lei que disponibilizou cerca de US$53 bilhões para incentivar as empresas de tecnologia a trazer a produção de chips e computadores para dentro dos EUA.
Segundo que, apesar desses chips serem fabricados dentro dos EUA, esta produção ainda será um esforço global. Das seis empresas que fazem parte deste esforço, apenas duas delas (Nvidia e Amkor) são companhias realmente americanas – ou seja, que foram fundadas e possuem suas sedes globais nos EUA. Três dessas empresas são de Taiwan (TSMC, Wistron e SPIL) e uma delas é chinesa (Foxconn).
Então, palmas para levar a produção desses chips aos EUA, pois ter essa tecnologia dentro do próprio país é importante para tentar manter a narrativa da hegemonia americana no mercado de IA. Mas se alguém tentar usar isso pra te convencer que o plano de “mostrar a força dos EUA para o mundo” do Trump está funcionando, essa pessoa está te enganando.
Porque esse projeto não é uma mostra de força dos EUA como um país isolado do mundo. Ele é o contrário disso: é uma prova de como mesmo para retornar a produção de tecnologia para dentro do país será necessário um esforço de cooperação internacional.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.