Na última terça-feira (11) um grupo de hackers furries não-monogâmicos roubou milhares de arquivos da Lexipol, uma empresa texana que cria manuais de treinamento usados pelos departamentos de polícia de todo os EUA.
Os arquivos foram conseguidos por um grupo autodenominado “the puppygirl hacker polycule”, e disponibilizados para download no Distributed Denial of Secrets (DDoSecrets). Considerada a maior biblioteca mundial de documentos secretos, o DDoSecrets é uma organização sem fins lucrativos que analisa, arquiva e publica documentos adquiridos por hackers de todo o mundo.
O problema da Lexipol na segurança pública
Uma das grandes críticas feitas a Lexipol é sobre o próprio caráter dos documentos desenvolvidos pela empresa. Por criar os manuais de conduta e treinamento de polícias, bombeiros, grupos de segurança patrimonial e diversas outras profissões das áreas de segurança pública, é muito controverso que esses manuais não apenas não possam ser acessados pelo público como ainda são protegidos pela lei de direito autoral.
Além disso, a empresa não oferece nenhuma transparência de quais critérios utiliza para criar esses manuais de treinamento utilizados para segurança pública em todo o território dos EUA. Ainda que alguns distritos específicos tornassem público os manuais usados para treinar seus policiais, essa era uma decisão individual de cada cidade e que não refletia a influência que uma empresa privada possuía sobre as políticas de segurança pública de todo um país.
Outro problema é que a Lexipol é abertamente contrária às iniciativas de reforma das polícias, se opondo mesmo a sugestões que já deveriam fazer parte do treinamento padrão. Por exemplo, a empresa se recusa a colocar nos manuais qualquer menção à responsabilidade da polícia em desescalar conflitos. A empresa também se recusa a colocar em seus manuais que técnicas de estrangulamento (como o famoso “mata leão”) devem ser evitadas, se possível, na abordagem de suspeitos.
Histórico racista nas cortes
E o histórico recente da empresa também não é dos melhores. A Lexicon é alvo de diversos processos em cortes de todos os EUA, onde as normas de procedimento policial criadas pela empresa são citadas como a origem de muitos casos de brutalidade policial.
Entre os casos que a empresa enfrenta nessas cortes estão acusações de que ela estaria promovendo em seus manuais práticas como perfilamento racial, perseguição de imigrantes e a prisão de minorias sem justificativa.
Além disso, as instruções de manuais escritos pela Lexipol foram usadas para justificar a morte de Erik Logan em 2019. Na ocasião o policial que o matou usava uma câmera corporal desligada.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.