Drops de Jogos recebeu informações oficiais do governo Lula. Encontro de Popularização reúne agentes e fazedores de ciência para homenagear os 20 anos da SNCT.
No último fim de semana, o professor de língua portuguesa Gerson Ricardo saiu da sua comunidade, em Coqueiro, distrito de São Bernardo (MA), percorreu duas horas de estrada até chegar em Parnaíba, no estado vizinho Piauí (PI). Esse foi apenas o início de uma viagem de mais de 35 horas a bordo de um digno Guanabara (nome da famosa viação de ônibus regional) até chegar em Brasília (DF), para participar da abertura da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
Estar presente pela primeira vez na SNCT era uma promessa desde que foi contemplado pelo edital para Feiras e Ciências CNPq/MCTI em 2022 e realizou o sonho de organizar um evento de C&T no seu povoado.
“Alguns professores nunca tinham visto um microscópio ou um telescópio e vinham emocionados me abraçar e me agradecer”, contou o professor, fascinado por astronomia e criador do Projeto “Fogueteiros do Sertão”, no qual estudantes utilizam garrafas PET, vinagre, bicarbonato de sódio, água e ar pressurizado por meio de uma bomba de bicicleta para lançar artefatos por meio de uma plataforma de cano de PVC.
Agora, Gerson, já nem se lembra mais das horas de viagem. “Eu queria muito conhecer a Semana Nacional, já visitei muitos stands e estou impressionado com a estrutura, com o nível dos trabalhos e as pesquisas aqui apresentadas e os debates sobre o incentivo à ciência a partir da base, da infância”, afirmou o professor, que é coordenador da Escola Rubenito Silva Couto, no povoado de Coqueiro.
Nesta quarta-feira (6), ele e outras dezenas de agentes e fazedores de ciência de todo o Brasil se reuniram para participar do Encontro Nacional de Popularização da Ciência, realizado dentro da programação da 21ª SNCT, com a presença da diretora do departamento de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do MCTI, Ju
ana Nunes; do secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, Inácio Arruda; do representante do Museu de Astronomia e Ciências Afins, Douglas Falcão; e do integrante do Museu da Vida/Fiocruz, José Ribamar Ferreira.
20 anos da SNCT
Histórias como de Gerson marcam a SNCT, criada em 2004 por decreto do presidente Lula, e que teve os seus 20 anos homenageados durante o Encontro. O pesquisador Douglas Falcão lembrou a rápida evolução da Semana. No primeiro ano, mostrou, foram 252 municípios envolvidos e quase 2 mil atividades realizadas. Já em 2009, o número de cidades tinha duplicado e o de atividades crescido para impressionantes 25 mil.
Falcão falou ainda sobre os principais legados da SNCT, como o estímulo à criação de redes locais e regionais entre instituições, protagonismo da comunidade escolar (escolas, professores, estudantes, técnicos) e não escolar (ONGs, empresas); aproximação de cientistas, técnicos e gestores de C&T e a SNCT como modelo de referência para estados e municípios no fomento a pesquisas sobre as práticas de DC no Brasil.
Legados que mudaram, por exemplo, a vida da biomédica Pacchiele Cabral, 37, professora em Araci, no sertão da Bahia, onde desenvolve um grupo de pesquisa, ciência e tecnologia com os estudantes do Centro Territorial de Educação Profissional.
Emocionada, ela conta que os alunos já desenvolveram no laboratório de Araci pesquisas com biocombustíveis a partir do tamarindo e luvas biodegradáveis feitas com sisal, esse último projeto, inclusive, apresentado ao presidente Lula durante a sua visita na abertura da Semana na última terça-feria (5). É a primeira vez que Pachiele vem para a SNCT, mas com certeza não será a última. “A Semana é muito importante porque a ciência não pode estar só nos grandes centros, tem que chegar em outros lugares como chegou na nossa cidade e mudou a minha vida e tantos outros jovens”, afirmou.
Popularizar cada vez mais a Semana
Refletindo sobre o significado da Semana para a popularização da ciência, José Ribamar destacou que o termo pode ser interpretado de diversas formas, mas sempre com o foco de uma ação proativa de levar à população o conhecimento e a cultura científica. Ele lembrou que em tempos passados, os museus eram estritamente proibitivos, com restrições severas de interação com as obras. “Há alguns anos, tudo mudou. E a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é um pouco sobre isso, sobre essa quebra de paradigma envolvendo mais a população: mexa, manipule, participe”.
A diretora do departamento de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do MCTI, Juana Nunes, destacou a importância em poder juntar presencialmente muitos dos agentes e fazedores da Semana que aconteceu de 14 a 20 de outubro em todo o Brasil.
“É essa troca de realidades e de experiências que vale a pena. Juntos e juntos, pensar no futuro, aonde a gente quer chegar nos próximos anos. Queremos chegar a mais gente, a mais territórios. O desafio é que a Semana possa ser cada vez mais popular, reafirmar o antirracismo, a diversidade do país, que chegue nas meninas, nas pessoas mais velhas. É muito desafiante poder fazer uma semana que vá além do público escolar. Uma Semana para todos e todas”, concluiu.
Encontro Nacional de Popularização da Ciência
O Encontro acontece como parte integrante da 21ª SNCT e, a partir de mesas com os temas “ Desafios e perspectivas da política de Popularização da Ciência”; “Percepção pública da ciência e o papel da comunicação no fortalecimento da cultura científica” e “Ações intersetoriais para educação e ciência” o objetivo é apresentar as políticas implementadas até o momento e formular uma proposta de estrutura do Plano Decenal de Popularização da Ciência.
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