Ativistas LGBT criam polêmica, afirmando que protagonista de Metroid é transgênero - Drops de Jogos

Ativistas LGBT criam polêmica, afirmando que protagonista de Metroid é transgênero

Com a sugestão de perfil transgênero para a personagem Samus Aran, as ativistas parecem fomentar a controvérsia, mais do que reforçar a identidade transgênero. 

  • por em 21 de setembro de 2015
Foto: Divulgação

Brianna Wu e Ellen McGrody, ativistas que lutam pelos direitos da comunidade LGBT, publicaram recente artigo no qual afirmaram que Samus Aran, a protagonista de Metroid, seria um personagem transgênero. O assunto foi suficiente para gerar polêmica no meio cultural e desenvolvimentista, que parece longe de um consenso sobre representatividade de gênero nos games. 

A afirmação da dupla parece basear-se em um guia japonês de Super Metroid no qual, supostamente, o designer Hirofumi Matsuoka, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da personagem, teria afirmado que a heroína é uma "newhalf", termo que, em japonês, significa mistura de raça ou gênero. Para as ativistas, o designer estaria se referindo à heroína como uma personagem trans. "Hirofumi Matsuoka, que ajudou nos trabalhos do projeto original para Samus Aran, afirmou que ela 'não era uma mulher', mas em vez disso, 'ニ ュ ー ハ ー フ', ou 'newhalf'", sustentam no artigo. "Em um contexto mais feio, 'newhalf' refere-se a mulheres trans que não fizeram cirurgia – algo equivalente a Matsuoka rindo e reafirmando: 'Sim, Samus tem um pênis'", continuam.

Outra possibilidade seria a entrevista de 1994, na qual o mesmo designer teria afirmado que "Samus não é uma mulher. Ela é, na verdade, uma travesti". O site Thegg tenta esclarecer este episódio, afirmando que Yamane Tomoyoshi teria sido o verdadeiro criador do projeto Samus Aran e não Hirofumi Matsuoka. "E Brianna Wu nunca mencionou que todos os que participaram da entrevista de Super Metroid em 1994, fizeram gozação e riram muito [da história]".

O site The Federalist contesta frontalmente a opinião Wu sem meias palavras, em um artigo no qual a aponta como uma "doida varrida" e afirma que "ele[a] é um[a] perseguidor[a] por atenção da mais alta conta, que muitas vezes diz coisas insultosas sobre grupos de pessoas como os gamers e, em seguida, alega ser vítima de ameaças de morte e mobilizações de ódio online quando lhe respondem".

A controvérsia teria sido fomentada posteriormente por uma entrevista com Yoshio Sakamoto, co-criador da série Metroid. Sakamoto é um  reconhecido designer do primeiro game e diretor de Super Metroid e Metroid: Zero Mission, entre outros. A certa altura, na conversa realizada em 2004, o repórter pergunta: "Alguma chance de Metroid vir para o PS2 no futuro?". A resposta bem humorada do designer: "É tão certo quanto a ideia de Samus ser, na verdade, uma travesti", disse, referindo-se, provavelmente, à ideia lançada Matsuoka. A informação baseia-se na página oficial de Metroid: Zero Mission, que contém a entrevista original.

Até a Forbes entrou na controvérsia, com uma análise aparentemente mais centrada, em artigo no qual Erik Kain responde às ativistas que "Se você acredita que ela é uma mulher transgênero e isso a ajuda a se identificar com ela como um herói de ação do videogame, abrace essa ideia. Só não esperem que todos concordem com vocês".

Brianna Wu é desenvolvedora de jogos digitais trans e esteve recentemente envolvida no lamentável episódio GamerGate, que envolveu mercado, mídia e mobilização tóxica de machismo na rede. Independentemente de Metroid ser uma ode à cultura do transgênero ou não, tais controvérsias parecem fomentar a discórdia mais do que o entendimento entre o público voltado ao entretenimento digital. Seria interessante um posicionamento oficial da Nintendo, confirmando a identidade de gênero da personagem como forma de encerrar a discussão. Se Samus for realmente uma personagem trans, a comunidade só tem a ganhar com a introdução nos games de mais uma representante do gênero, que merece respeito como qualquer outro ser humano. Caso não seja, toda essa polêmica terá sido improdutiva e desnecessária.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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