Um fato cotidiano e praticamente despercebido no meio digital é a forma como verdadeiros universos criados por um número incauculável de usuários são sumariamente desintegrados quando os servidores das produtoras de games são desligados .
O assunto não é novidade e, em artigo de agosto de 2003 da revista Wired (hoje com o link já fora do ar, lamentavelmente), Jason Della Rocca, diretor executivo do IGDA, International Game Developers Association, já alertava que “a história da indústria [de games] está desaparecendo sob nossos pés e isso não é legal”.
Em recente artigo da Intel, o articulista comenta como a a tecnologia de nuvem de dados está ajudando a preservar mundos virtuais.
Jason Johnson, o colaborador do site, chama a atenção para os projetos SWGEmu, uma cópia quase perfeita do Star Wars Galaxies original, totalmente recriada e controlada pelos fãs, e UO Second Age, proposta dedicada à recriação de Ultima Online, exatamentte como era em 1998.
Em novembro de 2007, escrevi para o então site Game Cultura, criado e mantido pelo "Dr. em Games" Roger Tavares, o texto "Para onde vai o Game velho?", que abordava o mesmo tema.
Segue abaixo reprodução parcial do artigo, que ainda é bastante esclarecedor sobre a importância de preservação desta memória digital e quem já se empenhou (ou ainda se dedica) a manter vivo este espírito de interação e coletividade:
"Não é por outra razão que estão se criando propostas como o Preserving Virtual Worlds Project, idealizado pela Biblioteca da Congresso norte-americano para acontecer entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009 e que pretende realizar um amplo levantamento de mídias digitais, ficção interativa e games, com vistas à preservação dessa vasta produção cultural.
Outras propostas surgem simultaneamente, como a possibilidade de um museu permanente de games, sugerido por ninguém menos que Greg Costikyan em parceria com a Entertainment Software Association, que busca medidas jurídicas e tecnológicas reguladoras para legalizar a emulação de games de diferentes plataformas, como meio para preservar a história do entretenimento digital.
Outros ainda, como a Software Preservation Society procuram evitar o desaparecimento de jogos da plataforma Amiga e outros retro games; o Worlds in Motion (o projeto já está offline hoje), projeto do site Gamasutra que se propõe a compilar o mais completo banco de dados sobre os inúmeros mundos virtuais hoje disponíveis na rede."
Dia a dia, mais servidores de games antigos são desativados, em nome do mercado, inviabilizando a integração entre milhares de internautas que por longo tempo mantiveram ativas suas comunidades e viveram relações e emoções na Segunda Vida.
Este assunto não deveria ficar restrito ao campo acadêmico, pois muito precisa ser feito em favor da memória digital dos mundos virtuais.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.