Filme “Ainda Estou Aqui” é o filme brasileiro indicado a três estatuetas para o Oscar 2025, que acontece neste domingo, 2 de março. Dirigido por Walter Salles, o longa-metragem já arrecadou R$ 104.734.417,09, o quinto maior valor para uma produção brasileira na história dos cinemas do país, de acordo com dados da Ancine, a Agência Nacional de Cinema.
Quem é Rubens Paiva?
Rubens Beyrodt Paiva nasceu em Santos, litoral paulista, em 1929, e formou-se engenheiro civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1953. Durante a juventude, atuou como vice-presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo e, em 1962, foi eleito deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Casado com Eunice Facciolla Paiva, teve cinco filhos: Vera, Maria Eliana, Ana Lúcia, Marcelo e Maria Beatriz. Na Câmara dos Deputados, destacou-se como vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava o financiamento de grupos opositores ao governo de João Goulart.
Sua atuação o colocou entre os primeiros políticos cassados pelo golpe militar de 1964, por meio do Ato Institucional nº 1, emitido em 9 de abril daquele ano.
Poucos dias antes, em 1º de abril, fez um pronunciamento na Rádio Nacional criticando Adhemar de Barros, então governador de São Paulo e apoiador do golpe. No discurso, de pouco mais de quatro minutos, defendeu as reformas propostas por Goulart e condenou o autoritarismo.
Após perder o mandato, Paiva se refugiou na Embaixada da Iugoslávia e deixou o país, passando pela França e Inglaterra. Retornou ao Brasil em 1965 e se estabeleceu com a família no Rio de Janeiro.
Na madrugada de 20 de janeiro de 1971, foi preso depois que militares encontraram cartas de exilados políticos do Chile endereçadas a ele. Armados, agentes invadiram sua casa e o levaram para prestar depoimento. A partir desse momento, iniciou-se uma sequência de torturas.
No dia seguinte, sua esposa Eunice e a filha Eliane, então com 15 anos, também foram detidas. Apesar da confirmação de que Rubens Paiva estava sob custódia do DOI-CODI, mãe e filha nunca mais o viram. Eliane foi libertada no dia seguinte, enquanto Eunice permaneceu presa por 12 dias.
O corpo do ex-deputado jamais foi encontrado. A versão oficial divulgada pelo Exército alegava que ele teria sido sequestrado por militantes durante uma transferência de custódia e desaparecido.
No ano de 2012, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou documentos e depoimentos que comprovaram que Paiva esteve no DOI-CODI e morreu em decorrência das torturas sofridas. O governo brasileiro só reconheceu oficialmente sua morte em 1996, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, quando a família recebeu a certidão de óbito.
Já em 2014, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou cinco militares por homicídio, ocultação de cadáver e outros crimes relacionados ao caso. No entanto, uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o processo, sob o argumento de que os crimes estariam cobertos pela Lei da Anistia, de 1979.
O ministro Teori Zavascki, relator do caso, faleceu em 2017, e, desde 2018, o processo aguarda uma decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Rubens Paiva. Foto: Wikimedia Commons/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
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