O jogo de interpretação de papéis A Bandeira do Elefante e da Arara, um RPG que imerge os jogadores no Brasil do período colonial, está com uma campanha internacional de arrecadação para o lançamento em língua espanhola, que tem chances de chegar ao mercado europeu com o título “La enseña del elefante y el guacamayo”.
O Drops de Jogos bateu um papo com Christopher Kastensmidt, criador do jogo, para conhecer detalhes sobre a iniciativa. nascido na cidade de Houston, Texas, nos Estados Unidos, e trabalhou nas empresas IBM, AMD e Intel, antes de decidir emigrar para Porto Alegre, onde veio trabalhar numa startup de games chamada Southlogic Studios.
Hoje, o autor é Diretor de Desenvolvimento na Aquiris, um dos maiores estúdios de games do Brasil.
Confira, abaixo, o rápido bate papo com o criador de jogos:
Drops de Jogos – ABEA é um jogo que conquistou o respeito da comunidade educadora e rpgista no Brasil. O que o levou a buscar o público de língua espanhola?
Christopher Kastensmidt – Primeiramente, muito obrigado pela oportunidade! É sempre um prazer botar o papo em dia com o Drops de Jogos.
Na verdade, não foi uma basca minha neste caso, eu que fui abordado por um editor espanhol. De fato, quase todas as publicações internacionais (e foram muitas) surgiram por causa de algum interesse estrangeiro na obra. Os primeiros contos que deram origem a este universo foram publicados em sete idiomas. O romance hoje está disponível em inglês, espanhol, chinês e português. O RPG já foi publicado em inglês e português, espanhol é o próximo idioma. O público internacional tem muita curiosidade sobre ABEA e estou sempre aberto a levar a obra para outras terras.
Neste caso específico, foi a editora HT Publishers que me abordou durante um evento na Espanha, o Celsius 232, onde fui autor convidado. Como é de imaginar uma negociação na Espanha, conversamos em um bar ao ar livre de Avilés e chegamos a um acordo rápido. O financiamento coletivo levou mais de um ano para sair, mas é normal no mundo editorial, onde normalmente há uma fila de obras a publicar.
DJ – O jogo é baseado na história e no folclores brasileiros. Acredita que pessoas em outros países deverão se interessar pela temática?
CK – Como comentei acima, editores ao redor do mundo já publicaram obras deste universo. Apesar de pouco comentado, ABEA é uma das obras de fantasia nacional de maior alcance mundial. O primeiro conto foi publicado em inglês em 2010 e foi finalista do Prêmio Nebula, o maior prêmio de FC/Fantasia do mundo. O RPG foi a primeira obra nacional a ganhar um ENnie, o principal prêmio daquela área. O reconhecimento nacional da obra tem sido algo incrível. Fico sempre surpreso com o resultado.
DJ – Como profissional estrangeiro sediado no Brasil há décadas, como você vê o interesse do público brasileiro por RPGs de temática educativa e quais paralelos você estabelece com os potenciais interessados em outros países?
CK – No Brasil, sei que o RPG de ABEA já está sendo utilizado em centenas de escolas ao redor do país. Já recebi relatos de professores desde Belém até Bagé. No Brasil, vários assuntos podem ser abordados: história, folclore, medidas, etc. Sei que outros RPGs são utilizados também, mas acho que nenhum teve a mesma penetração de ABEA, que foi feito desde o começo pensando na possibilidade de levar para a sala de aula. Até a terminologia do livro é diferente, usando “participante” em vez de “jogador” e “mediador” em vez de “mestre”, termos melhores para o ambiente acadêmico. Tendo a obra certa, o interesse de educadores é grande.
Em outros países, ABEA não tem a mesma força educativa pela distância cultural do conteúdo, mas vi alguns casos nos EUA de uso em cursos de português e sobre a história brasileira. Mas posso dizer que o RPG em geral é bem-aceito como ferramenta paradidática lá fora. Há muitos assuntos sobre a eficácia de RPG no ensino de probabilidade, história, idiomas e outros assuntos. Também é uma ferramenta poderosa com alunos que normalmente não tem conforto em se expressar em sala de aula, como casos de autismo. Quando o aluno pode falar via outro personagem, se sente mais liberdade de se expressar.
DJ – A versão em espanhol deve incluir conteúdos e mitos regionais em sua edição ou ou ficará restrita à versão original?
CK – Por enquanto, a ideia é de traduzir apenas a edição original, mas a editora tem o direito de lançar obras próprias dentro do universo, como aventuras e suplementos. Com sorte, vamos ver umas aventuras espanholas em breve.
DJ – Como está a campanha de financiamento nesse momento?
CK – Precisamos de mais apoios para fechar esta campanha. Quem conhece jogadores de língua espanhola, peço a gentileza de compartilhar o projeto!
Quem quiser conhecer mais sobre o crowdfunding do jogo, pode acessar a plataforma Verkami.
Informações sobre o RPG A Bandeira do Elefante e da Arara em português podem ser acessadas diretamente o site oficial da série de publicações.
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