Todos os profissionais que formavam a equipe do programa Metagaming, de eSports da emissora Loading, anunciaram nesta sexta (11) que pediram demissão.
Isso aconteceu quatro dias após a estreia.
Loading foi lançada na última segunda (7) com a mesma estrutura da antiga MTV Brasil e uma programação de cultura nerd, geek, pop e gamer muito parecida com PlayTV e outras experiências do mercado.
Os jornalistas falaram abertamente sobre a demissão no Twitter e chegaram a insinuar que foram censurados ao publicar uma receita de bolo.
Isso é uma referência a uma prática muito utilizada na ditadura militar por jornais quando reportagens eram proibidas de serem colocadas nas páginas dos periódicos.
Uma reportagem do site NaTelinha, que cobre televisão, afirma que um dos integrantes do Metagaming fez uma matéria que criticava uma empresa desenvolvedora de jogos que é parceira do canal Loading. Tal fato incomodou a direção do canal e chamou a atenção do profissional. A cúpula da emissora explicou que a atração não tinha autorização para criticar parceiros. A equipe ficou irritada, porque a promessa da emissora em sua estreia era de liberdade editorial total, o que não aconteceu.
O NaTelinha ainda afirma que, de acordo com fontes anônimas, a direção então ressaltou que “não gostaria que o programa abordasse temas polêmicos, como machismo”. Eles usaram como exemplo a reportagem do Caso Sparda exibida pelo Metagaming, apontada por eles como uma matéria estilo Cidade Alerta.
Os jornalistas que pediram demissão entenderam que a emissora não queria fazer jornalismo, o que parece correto.
O site Notícias da TV publicou o posicionamento oficial do Loading, falando em “desalinhamento” editorial.
Veja abaixo:
Devido ao desalinhamento entre o posicionamento da Loading, focado em entretenimento, e o time editorial do programa Metagaming, decidimos reestruturar a atração.
Importante frisar que o core da Loading é o entretenimento e a agenda positiva. Dessa forma, buscaremos entregar conteúdos que engrandeçam ainda mais o Esports, porém com a linha editorial focada no entretenimento.
Agradecemos publicamente todo o time do Metagaming que dividiu conosco esses últimos meses, inclusive a incrível estreia. Seguimos em caminhos diferentes, mas com a certeza da competência e do sucesso de todos vocês. Obrigado por fazerem parte da nossa história.
Leia a thread (o fio) da jornalista Bárbara Gutierrez, ex-editora-chefe do IGN e ex-apresentadora do Loading, no Twitter:
Liberdade editorial é essencial. Hoje, não faço mais parte da Loading, assim como a editoria inteira do Metagaming – todos nós estamos fora do projeto. Agradeço demais à equipe incrível da qual fiz parte, que conseguiu entregar dois programas maravilhosos apesar das dificuldades
Por desalinhamento editorial, entendi que não conseguiria falar sobre assuntos que são importantes para mim e sempre permearam minha carreira como temas necessários para a evolução do cenário de esportes eletrônicos.
Por desalinhamento editorial, entendi que não conseguiria falar sobre assuntos que são importantes para mim e sempre permearam minha carreira como temas necessários para a evolução do cenário de esportes eletrônicos.
Leia o fio da jornalista Siouxsie Rigueiras, ex-Loading:
SAÍDA DA LOADING. Na minha visão, o que há cerca de um mês era uma centelha de esperança para o jornalismo de eSports, teve um fim na manhã de hoje. +
Não apenas eu, como toda a equipe maravilhosa de jornalismo de eSports do Metagaming, não fazemos mais parte da Loading. +
Fiz jornalismo para tornar o mundo um lugar melhor. Fiz jornalismo para ter compromisso com a verdade e defender o que eu acredito. De acordo com a minha opinião, isso foi perdido na Loading.
O jornalismo não pode morrer e, como já disse Rodrigo do Dead Fish: “Seremos homens melhores onde estivermos, o mundo é que está errado”.
Meu vô acreditou no jornalismo até seu último suspiro e é por isso que eu decidi ser jornalista. Sigo honrando o código de ética jornalística. Hoje e sempre.
Leia o fio do jornalista Chandy Teixeira, ex-Globo e ex-Loading:
SAÍDA DA LOADING. Eu e toda a redação deixamos o Metagaming. Jamais sacrifiria meu nome, minha história e o que creio como jornalismo em nome de cargo ou posição de destaque. Sempre fui defensor do jornalismo. E não poderia falhar quando o convocado para a batalha fosse eu mesmo.
Faço jornalismo com a missão de ser um vigilante social. É obrigação de todo jornalista tocar em temas espinhosos e necessários. Quando enxergo que não tenho liberdade, melhor ir embora. Colocamos 2 programas incríveis no ar ante o que considero inacreditável falta de estrutura.
Acredito na maturidade e inteligência da comunidade de esports. Acredito que podem e devem ser tratados com seriedade e não apenas como fonte de receita. Qualquer lugar que eu decido trabalhar tenho que enxergar estes valores. Não enxerguei. Mas conheci profissionais incríveis.
O salário compra minha força de trabalho, mas jamais minha alma e dignidade. Muito obrigado! A gente se vê em breve.
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Agora empregado acha que é contratado para fazer o que quer, não o que o chefe manda.
Procure estudar as diferenças entre "chefe" e "líder". Quem sabe evoluindo, e não escrevendo besteira na internet, você pode chegar perto de ser um.
Olha o aspone aí.
Se tu deixa que as empresas não honrem contratos contigo, ai é problema teu, isso não é a coisa certa a se fazer. Foi combinado x, entra deve ser cumprido x.