Desenvolvedor usa jogo de travesti para atacar a Gamescom Latam e é criticado - Drops de Jogos

Desenvolvedor usa jogo de travesti para atacar a Gamescom Latam e é criticado

Boa resposta da Talbone

Gamescom Latam. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

Gamescom Latam. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

O desenvolvedor Matheus Borba da GoGo Games, organizador da GameJam Plus, utilizou o jogo de uma criadora travesti para tecer críticas à organização da Gamescom Latam. Escreveu Borba: “Gostaria de expressar minha insatisfação a falta de profissionalismo no processo de seleção de jogos para eventos como Big Festival e Gamescom Latam”.

lunr.rdio.taxi // teaser

Gamescom Latam. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

Gamescom Latam. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

No texto, já apagado por Borba, ele diz que há jogos em wishlist que ultrapassam 50 mil ou 100 mil que deveriam ser reconhecidos pelo evento. E dá como exemplo o jogo lunr.rdio.taxi, da desenvolvedora travesti Talbone, da Soín, como um que não deveria ser contemplado pelo encontro.

Talbone escreve no LinkedIn sobre o caso, criticando Borba.

Como o LinkedIn apaga recompartilhamentos de posts apagados, minha resposta ao post de um colega aqui na rede foi perdida. Porém, reconhecendo a importância dos pontos feitos na minha resposta, decidi por redigir novamente parte do meu texto, omitindo relações com o autor do post original.

“Pra explicar um pouquinho pra quem ainda não conhece, lunr.rdio.taxi é um jogo de ritmo e drift com uma pesadíssima carga cultural brasileira. Naves inspiradas em clássicos carros do nosso dia-a-dia (tem uma nave que é um paredão de som!) e temáticas reais e concretas na vida do jovem brasileiro.

Temos trabalhado com DJs e produtores musicais de todo o país para construir um line-up que não será apenas uma trilha sonora, mas também uma experiência documental e metafórica da vida urbana noturna brasileira nos tempos atuais. É música BRASILEIRA DE VERDADE, que as pessoas ouvem, curtem e dançam.

Além dessa carga pesadíssima que nosso projeto já tem, enquanto produto, temos também uma outra frente importante na nossa produção: somos um time quase 100% formado por pessoas trans, neurodivergentes, e principalmente, de origens humildes e nada privilegiadas. A seleção do nosso projeto significará muito na vida de cada membro do time.

Não é nenhuma novidade que a indústria de desenvolvimento de jogos nacional é refém, a muito tempo, de eventos nada transparentes em respeito à seleção de jogos expostos, bem como também de uma escassez enorme de atenção midiática voltada para projetos nacionais. Não acreditamos que é o nosso jogo que vai mudar isso, mas é um tanto quanto triste ver que nossa presença em eventos como a Gamescom Latam é vista por alguns não como motivo de comemoração, mas sim de post indignado no LinkedIn. Porém, seguimos.

Alguns devem ainda lembrar de uma famosa ‘carta aberta’ para o BIG Festival reinvindicando mais transparência e critérios mais claros de seleção, redigida e assinada coletivamente, anos atrás. (https://lnkd.in/dSxJqQwv)
Meu nome (morto) estava entre as assinaturas da carta.

Sucesso pra todos nós.”

Lembrando duas coisas: Transfobia é crime, equiparado ao crime de racismo, e a falta de inclusão diversa na cena brasileira de jogos gera discussões como essa.

ATUALIZAÇÃO, 22H31, 22 de março de 2025.

Alguns esclarecimentos sobre Matheus Borba:

  • Ele não faz parte da direção da GameJam Plus. A informação sobre ele ser um organizador está em seu LinkedIn. A GJ+ entrou em contato afirmando que apoia iniciativas de diversidade, custeadas por eles próprios.
  • O próprio Borba me encaminhou um esclarecimento dele, publicado no LinkedIn.

Reproduzimos abaixo o posicionamento de Borba:

Pessoal primeiro quero deixar bem claro que não houve nenhum ataque, está bem claro até no post do próprio Pedro Zambarda, não sabia quem era o desenvolvedor e ainda não sei quem é, não conheço e o post foi pensado na falta de transparência do evento, Errei na explicação do eventos, e isso se alguém se sentiu ofendido desculpas mas não tenho motivo pra atacar ninguem, até porque quem me conhece sabe que isso não faz sentido nenhum, só gostaria de deixar bem claro que não tem haver com nada relacionado a nenhum projeto. Novamente desculpas se alguém entendeu errado. Fiquei triste por tirar fora de contexto o tema.

Borba depois nos encaminhou mais detalhes.

No post que fiz mais cedo, procurei descrever de forma detalhada as críticas ao evento, especialmente no que diz respeito aos critérios de seleção dos jogos. Reforcei diversas vezes que nenhum desenvolvedor está ou estaria relacionado diretamente a esses critérios. Quero deixar claro que minha intenção nunca foi criticar ou desmerecer os demais jogos selecionados.

O objetivo principal era destacar os jogos que ficaram de fora, utilizando um jogo específico como comparativo em relação aos demais projetos. Reconheço que cometi um erro ao vincular um jogo selecionado ao debate, o que pode ter gerado interpretações equivocadas sobre a crítica. No entanto, em nenhum momento mencionei ou questionei os critérios de seleção desse jogo em particular.

Vale ressaltar que mencionei o jogo sem referências prévias sobre ele, seu estúdio ou seus desenvolvedores. Minha crítica estava focada, de fato, na qualidade de alguns jogos, algo que é padrão na indústria de games e, acredito, parte importante do nosso trabalho. Quero reforçar que não afirmei que esse projeto específico era ruim ou que estava relacionado a critérios questionáveis. E Novamente não sei quem é o desenvolvedor e nem o estúdio nunca ouvi falar , e peço desculpas pelo mal entendido.

No entanto, o Drops de Jogos mantém o sentido da apuração inicial, considerando que o ataque à Gamescom Latam trata-se de uma crítica contundente. Utilizando um exemplo infeliz, que atenta contra a diversidade.

Veja nossa campanha de financiamento coletivo, nosso crowdfunding.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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aklsdnalsk

Em nenhum momento do post o Matheus fez qualquer ataque a qualquer trans do studio, ele simplesmente falou que o jogo é ruim, independente de quem fez ele, e que a Gamescon está perdendo seu filtro ao selecionar jogos mal feitos ao invés de selecionar jogos que são totalmente polidos e realmente possuem engajamento. O jogo é realmente ruim, utiliza de musicas machistas, e ainda considera que as musicas que estão ali representam a “musica brasileira”, sendo que o Brasil é extremamente diverso, com diversos estilos musicais; pelo pouco que apareceu no trailer, não chega nem perto do nível de polimento que se espera em um megaevento de games. Mas parece que para vocês tem que sempre fazer uma critica positiva ao game.

Alan - Mr.Goburin

Só uma dúvida: você está dizendo que o jogo é ruim. Mas jogou ele?

Eu estive presente na Gamescom do ano passado e na primeira exposição do jogo ao público no Perifacon. Em ambos os eventos, a galera fazia filas imensas para poder jogá-lo.

Jogo, acima de tudo, é para divertir. Se o público, em um evento com tantas possibilidades de jogos, preferiu aguardar em uma fila para jogar o Lunr.Rdio.Taxi, isso só mostra que o jogo cumpriu com maestria seu propósito: ser divertido.

Nay

Tive a oportunidade de jogar na Gamescom do ano passado e posso afirmar que o jogo é excelente. A jogabilidade é extremamente divertida, com mecânicas bem elaboradas e um acabamento impecável. É surpreendente ver pessoas criticando o jogo baseadas puramente em preconceito, sem terem sequer jogado ou assistido a análises. Como mencionado anteriormente, as filas eram enormes para testar o jogo – eu mesma enfrentei a espera, e posso garantir que valeu completamente a pena.

Seu Zé

Música brasileira esse lixo? Vai se tratar

Jubirabo

Olha, achei a crítica do cara infeliz e não achei nada profissional ele utilizar outro jogo como exemplo para criticar os a falta de transparência nos critérios de uma organização. Porém em nenhum momento ele cita nada dos desenvolvedores para virar uma crítica transfóbica. Aliás, vi o trailer e o jogo em si não pareceu (pelo teaser mostrado) ter nenhuma temática trans para que o mesmo fosse associado, instantaneamente, à essa comunidade.

Sobre o jogo: Eu mesmo me senti desconfortável ao ver o trailer. A música é horrível e fechei quase que instantâneamente. Me forcei a ver novamente para poder ter uma opinião mais claro sobre o assunto. Visualmente o jogo está muito bonito, mas é natural que alguém sinta aversão a um jogo com uma música que diz “sarra, roça e esfrega o bico”.