Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos
No dia 19 de maio de 2022 a comunidade de jogos brasileira foi tomada por uma notícia relevante de desanimadora. BIG Festival 2022, maior evento do cenário de indie no Brasil e na América Latina, está trocando de nome e de escopo, após se tornar um evento pago no patamar de R$ 50.
O Omelete Company, responsável pelo streamer Gaules, que ultrapassou Felipe Neto em transmissões simultâneas e é um colosso na Twitch, pelo evento CCXP e pelo Game XP, adquiriu o evento que sobrevivia graças a incentivos privados e públicos – inclusive do BNDES e de associações como a ABRAGAMES.
E outro aspecto chamou atenção na mudança, para além do dinheiro e da estrutura.
O diretor do festival, Gustavo Steinberg, deu uma declaração, no release oficial, no mínimo, polêmica. Afirmou o seguinte: “Com a evolução do mercado de games, cada vez mais a fronteira entre o que é indie e o que não é, deixa de existir. Uma hora um jogo surge como independente, mas em questão de semanas está ocupando o espaço de um jogo AAA ou III, como vêm sendo chamados os grandes jogos independentes. Por isso, renovamos nossa marca, para continuar nos comunicando com todos os desenvolvedores e públicos”.
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“A fronteira entre o que é indie e o que não é deixa de existir?”. Como assim, Gustavo?
A realidade da cena brasileira de jogos, com algumas variações, é esta: São cerca de 300 empresas desenvolvedoras. Com menos editais públicos, muitos estão produzindo games internacionalmente, sem se focar no mercado local. Um dos espaços de consumo de jogos brasileiros, com acesso gratuito na CCSP (e depois no Club Oms), era o BIG Festival.
Gustavo fecha a porta dos independentes, coloca o evento no São Paulo Expo porque indies deixam “de existir”? Soa como desculpa barata.
Uma boa reportagem de Rique Sampaio no Overloadr aponta que o BIG além de tudo vai incorporar NFTs e criptomoedas, práticas de remuneração que tiram o aspecto de entretenimento e de arte da indústria de jogos. Necessidade de pagar contas? Faz sentido.
O que não faz sentido é se vender para outra empresa, mudar de nome e abandonar os indies. Qual a diferença do “novo” BIG Festival para a BGS – e a Game XP, evento do Omelete?
Nenhuma, devo concluir. Morreu o evento BIG Festival como conhecemos. Matou os indies. Vamos ver o que vai acontecer.
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Infelizmente morre o maior (único?) festival de jogos que via games como cultura.
Matou quem nunca teve a oportunidade de nascer, triste.