Indie

Relatório interno do estúdio brasileiro Wildlife aponta acusações de assédio

Wildlife Studios, desenvolvedora brasileira de títulos para smartphone como Zooba, Sky Warriors, Suspects e Tennis Clash, enfrenta acusações de ‘assédio moral’, incluindo discriminação por gênero e desigualdade de salários. É o que afirma uma reportagem assinada por Nick Ellis, Jon Peltz e Alex González no site internacional Rest of The World.

No mês de maio de 2020, o departamento de recursos humanos da Wildlife Studios divulgou um relatório de 22 páginas, cujo portal Rest of World teve acesso, e que descreve diversas incidências de diferenças salariais para homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo, além de discriminação de gênero.

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A reportagem fez algumas entrevistas com alguns funcionários e ex-funcionário da Wildlife, que corroboraram com o relatório final. Caso chama atenção no mesmo ano de acusações graves envolvendo uma gigante da indústria, a Activision Blizzard.

No mês passado, o Wall Street Journal revelou que o CEO da empresa, Bob Kotick estava ciente das denúncias de assédio dentro da empresa e nenhuma medida foi tomada.

Por mais lucrativa que seja a indústria e que diversas empresas hoje possuem um valor de mercado bilionário, o mercado de videogames tem, cada vez mais, se mostrado um ambiente marcado por más condições e condutas de trabalho, sexismo e racismo.

Um dos casos mais recentes que tomou os holofotes dos noticiários especializados é da Ubisoft Cingapura, em que funcionários revelaram uma cultura interna de sexismo e racismo. A investigação está sob a tutela da agência de vigilância de empregos do país.

No Brasil, casos de ataques contra mulheres e de racismo também tomaram as páginas de sites especializados, como o caso da apresentadora Isadora Basile, que sofreu ataques nas redes sociais – por uma parcela tóxica da comunidade Xbox – por assumir o posto de apresentadora oficial da Xbox Brasil.

Outro caso que ficou bastante marcado, foi o do assassinato da jogadora Ingrid “Sol” Oliveira Bueno da Silva. O assassino, também jogador profissional, confessou o feminicídio.

A Wildlife Studios foi fundada em 2011, quando ainda se chamava Top Free Games, pelos irmãos Arthur e Victor Lazarte.

Na última década, a Wildlife prosperou, tornando-se uma empresa bilionária, sobretudo pelo seu último lançamento, Tennis Clash, lançado em 2019, que atingiu a marca de 65 milhões de downloads, ajudando a empresa a se estabelecer no mercado e atrair o interesse de outras grandes marcas, como a Gucci.

Ela é definida como um “unicórnio brasileiro” – com avaliação de valor maior que US$ 1 bilhão.

O texto original da reportagem você pode ler aqui.

ATUALIZAÇÃO NO DIA 21 DE DEZEMBRO, ÀS 23H15:

Wild Life mandou o seguinte esclarecimento ao Drops de Jogos.

Nota à imprensa

A Wildlife Studios esclarece que algumas informações fornecidas ao portal Rest of the World não são verdadeiras. Há cerca de dois anos, a empresa recebeu uma denúncia vinda de três funcionárias, que disseram ter conversado com outros colaboradores para preparar um documento que foi então encaminhado para a área responsável.

Tão logo tomamos conhecimento sobre os fatos descritos no material, iniciamos um processo interno para sua apuração que resultou na demissão de dois colaboradores e medidas disciplinares aplicadas a um terceiro envolvido nas denúncias.

Diversidade é um tema de extrema importância para Wildlife e a empresa trabalha para criar um ambiente seguro e inclusivo. Como parte das nossas iniciativas temos um canal dedicado a denunciar as violações do nosso código de conduta, e todas as queixas recebidas são investigadas pelo departamento de compliance sendo que, após um rigoroso processo de apuração dos fatos, tomamos as medidas cabíveis para cada situação. Ao constatar que houve um problema nessa área, a empresa também investiu no fortalecimento das lideranças femininas, que hoje é composta majoritariamente por mulheres, desde a gerente da área, passando pela diretora e diretora sênior do departamento, que se reporta diretamente para o CEO. Além disso, a taxa de contratação de mulheres nessa área é bem acima da média da indústria.

Somos gratos a todas as pessoas que apontam problemas na companhia e sabemos que diversidade é um tema presente na indústria de tecnologia e, especificamente, na indústria de games. Por isso a Wildlife investe em garantir um ambiente inclusivo por meio de diversas iniciativas como grupos de representação de minorias, treinamentos e sessões de diálogos com os principais líderes de diversidade do Brasil. A Wildlife monitora o progresso na carreira dos diferentes grupos e tem orgulho de dizer que homens e mulheres são promovidos na mesma proporção. E também trouxemos para nosso time um colaborador especialista em pagamento justo e autor do livro ‘Fair Play: How to Get a Raise, Close the Wage Gap, and Build Stronger Business’, com o objetivo de continuar trabalhando para um ambiente de equidade.

Por fim, é importante esclarecer que a Wildlife Studios possui um canal de comunicação conhecido como ‘Talk to Us’, gerido por uma empresa externa. O canal é direcionado a funcionários e ex-funcionários, que podem realizar denúncias de maneira anônima sobre ações ou atitudes que estejam em desacordo com o código de ética e as políticas internas da empresa. Desde sua criação, todas as denúncias realizadas foram investigadas e endereçadas. Além disso, todas as medidas necessárias foram adotadas para evitar que novos fatos ocorressem, o que mostra o empenho da companhia em criar um ambiente de trabalho seguro para todos.

Relatório interno do estúdio brasileiro Wildlife aponta acusações de assédio. Foto: Reprodução

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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